Desempenho do primeiro trimestre está associado à queda do fluxo de clientes nas lojas e à dificuldade em repassar os aumentos para o preço final.
Sem conseguir reagir à queda de fluxo de 13% registrada ao final de 2015, a Marisa também teve pouco espaço para recompor preços, corroídos pela inflação, e encerrou o primeiro trimestre do ano com prejuízo quase três vezes maior do que enfrentou em igual período de 2015. A perda foi de R$ 17,18 milhões, ante o prejuízo de R$ 5,3 milhões de janeiro a março do ano passado. A receita líquida consolidada também caiu no período. Fechou março com R$ 608,87 milhões, que corresponderam à queda de 10,5% sobre o faturamento do primeiro trimestre de 2015.
Segundo a companhia, como esperado, o início do ano enfrentou mais um período de declínio das atividades do varejo em geral. Do lado interno, a Marisa cita alguns fatores que prejudicaram os negócios. O fechamento de lojas é um deles. Foram 12 operações encerradas até março, deixando a rede com 401 pontos. Em abril, inaugurou mais uma Marisa Ampliada em Nova Iguaçu (RJ), porém, fechou duas (uma Marisa Ampliada de Joinville-SC e uma Marisa Lingerie na cidade de São Paulo), reduzindo a rede para 400 operações. Embora tenha tomado medidas para corrigir problemas com as coleções desde setembro do ano passado, só a partir de abril as mudanças refletiram nas vendas.
“Sabíamos que a queda de fluxo de clientes em lojas – da ordem de 13% – ao final de 2015 – dificilmente seria revertida no início desse ano, podendo inclusive piorar. Sabíamos também que teríamos pouco espaço para repasse de preços ou para recomposição da pirâmide, tanto pelas já conhecidas limitações do lado do produto quanto pelo cenário de renda declinante”, constata a empresa em relatório distribuído ao mercado.
A Marisa conteve ainda os investimentos, que somaram R$ 27 milhões no período (17,7% a menos que no primeiro trimestre do ano passado). A maior parte dos recursos (R$ 16,6 milhões) foi aplicada em reformas de lojas, para adequá-las ao novo programa de visual merchandising da empresa, que visa melhorar a localização dos produtos dentro do ponto de vendas a partir da melhor exposição deles. Até início de maio, 72 lojas já estavam adaptadas ao novo modelo, de um total de cerca de 150 que deverão ser reformadas até o final do ano.
A varejista avalia que apesar das perdas, as medidas tomadas têm surtido efeito. “As despesas estão sob controle, o estoque está menor e houve uma robusta geração de caixa”, afirmou em teleconferência com investidores. De acordo com relato da companhia, os estoques caíram em torno de 25% no primeiro trimestre, basicamente pela eliminação de estoque velho, de encalhe de coleções antigas.