Logística e prazo de entrega são fatores que influenciam no sucesso da investida no varejo
Terceirizar ou produção própria: não há como eleger a melhor opção. É questão estratégica de empresa. Os especialistas ressaltam, no entanto, que abastecer uma rede de lojas de varejo, próprias ou franqueadas, exige logística de entrega e prazo de produção muito diferentes dos requeridos para fazer chegar a mercadoria até lojas de pronta-entrega ou diretamente às multimarcas.
Como o varejo atende diretamente o consumidor, as marcas deveriam garantir alta rotatividade em relação à oferta de novos modelos nos pontos-de-venda e manter estoque completo em relação à numeração, sem grade furada. Segundo o consultor de negócios com especialidade em produtividade, Júlio Alencar, para não correr o risco de restar sobras nas lojas de varejo, o controle de estoque de cada unidade passa por análise de marketing. “Deve haver um estudo do potencial de venda da região onde está localizada a loja, do potencial de compra do público-alvo, das necessidades do mercado. Ao mesmo tempo, fazer muito estoque é arriscado porque o retorno não será rápido”, observa Alencar. O consultor afirma que ter um bom planejamento de vendas também ajuda a definir o volume de produção.
“Terceirizar a produção pode ser ideal para uma grande marca que contabiliza picos de venda, desde que a empresa encontre uma prestadora de serviços de credibilidade. Já a produção própria que é, geralmente, a opção de marcas menores, pode reduzir os custos e permitir maior controle e cuidados sobre o produto”, compara o consultor.
Damyller, Morena Rosa e Gata Bakana optaram pelo modelo de produção própria. Com uma rede de 71 lojas próprias, a Damyller assume o controle inclusive da logística de entrega e do transporte. “Acredito que assumir o controle de abastecimento é um método seguro, além de criar essa proximidade com o negócio”, diz Cide Damiani, fundador da marca que só vende através de lojas próprias.
A Gata Bakana avalia que a produção própria ampara a estratégia da empresa de fazer mais entregas para o varejo do que para a pronta-entrega que serve o atacado, pois as lojas franqueadas têm um giro maior de produtos. “As vendas do canal varejo representam 50% do nosso faturamento”, diz Maurício Schlindwvein, diretor comercial da marca.
Contudo, grifes locais e internacionais tendem a manter internamente o controle sobre a gestão da marca e dos negócios, repassando a terceiros a parte industrial e logística de entrega. É o caso de marcas como Ellus, Lee, Levi´s, e de grandes lojas de departamento como C&A e Renner.
foto: GBLjeans