Sistema desenvolvido pela área de tecnologia da rede varejista permite individualizar pedidos das lojas a partir do que é efetivamente vendido.
Por trás dos bons resultados da Riachuelo nos últimos trimestres está um melhor giro de estoques e a reposição inteligente de peças. Essa estratégia foi possível a partir de um sistema de gerenciamento do varejo, o Fast Fashion, desenvolvido pela equipe de tecnologia da rede varejista, que começou a ser implantado no ano passado e provocou uma verdadeira revolução na forma de reabastecer as lojas.
Tipicamente, a cadeia do varejo monta a coleção e os produtos chegam dos centros de distribuição nas lojas de forma ‘empurrada’, ou seja, chegam para o ponto de venda em grade padrão de peças, de tamanho, cores e em determinado volume, independentemente do perfil de vendas. Antes de chegar uma nova coleção, para dar espaço nas araras que recebem as roupas, as peças não vendidas são remarcadas e entram em promoção, corroendo as margens.
“O sistema Fast Fashion quebra esse círculo vicioso por meio de uma reposição sob demanda”, explica o CIO Paulo Henrique Farroco. Os centros de reposição só enviam para as 212 lojas da Riachuelo as peças que efetivamente foram vendidas, por tamanho, cor, modelagem, sem padronizar a entrega. “Nesse caso, o pulmão da cadeia é a loja que informa sua necessidade”, explica o executivo. Assim que o cliente compra uma camiseta polo tamanho P azul, por exemplo, e o código de barras é lido pelo caixa, essa demanda vai para os sistemas da empresa como necessidade de repor aquele tamanho e cor específica, e não toda a grade de peças.
Todo o processo é disparado à medida que a peça é vendida. O sistema calcula a quantidade mínima que pode ser mandada do centro de distribuição para aquela loja a partir da venda de unidades. “Com o sistema conseguimos detectar perfis diferentes, por região do Brasil e por loja, com maior demanda por tamanhos P na região nordeste e G no sul, por exemplo”, diz Farroco. O ponto de venda descarrega as informações das vendas feitas durante o dia para o centro de distribuição que garante a quantidade mínima de peças para a reposição do estoque. “Cada loja é um pulmão de regulação, desde a reposição constante de peças básicas até a reposição mais espaçada da linha de moda. Não há necessidade de remarcação para dar lugar à nova coleção, porque o giro é muito bom”, afirma. Atualmente, a Riachuelo movimenta 4,5 milhões de peças por mês.
O projeto permitiu a diminuição dos estoques e aumentou as vendas, pois há mais oferta para o cliente. O sistema começou a operar no ano passado com a entrada de grupos de peças gradativamente. Hoje 100% das peças são controladas pelo sistema que processa todos os pedidos. “É um diferencial competitivo qualitativo porque o pensamento estratégico é diferente”, aponta. O projeto já apresenta resultados: no penúltimo trimestre do ano (o último divulgado), a margem de lucro da Riachuelo cresceu 2,5%. “Isso não pode ser creditado apenas ao novo sistema de gestão, pois existem muitas variáveis envolvidas, no entanto, posso afirmar que ele contribuiu muito para esse resultado”, destaca Farroco.
A empresa tem duas fábricas próprias (Guararapes) que também são alimentadas pelas informações do sistema na produção de tecido, corte e costura. “Conseguimos uma melhor eficiência com a diminuição do capital investido, a área de reposição e back office da loja fica mais leve e o fluxo de mercadorias é melhor equacionado, reservando mais espaço para vendas e menos para o estoque”. A cadeia varejista também planeja a modernização do site para melhorar a interação do cliente com os produtos com dicas de moda, apoio à compra nas lojas e chat.