GBLjeans destaca dados publicados nos relatórios de 2020 de 3 grandes varejistas do Brasil.

Para tirar o espectro vago em torno da sustentabilidade no varejo, o GBLjeans mergulhou nos relatórios anuais de três grandes varejistas com operação no Brasil. Para daí, extrair alguns dados concretos sobre ações, medidas e resultados de Renner, Riachuelo e C&A em 2020. Ano marcado pela pandemia de covid-19, a desaceleração do comércio ajudou a contabilizar indicadores melhores em relação a 2019, embora tenham havido outros avanços, reconhecem as empresas.
Das cinco grandes do varejo de moda brasileiro, ficaram de fora
Marisa e Pernambucanas. A primeira tem iniciativas relativas à sustentabilidade, mas, no momento, não consolida os resultados em relatório específico e aberto à sociedade.A Pernambucanas publica Relatório de Sustentabilidade. Contudo, a publicação mais recente é relativa, por ora, a 2019.
O GBLjeans considerou relatórios publicados e disponíveis nos sites das varejistas. Extraiu dados para 14 indicadores de 2020, como consumo de água, energia elétrica, emissões de gases estufa; número de fornecedores e trabalhadores; matéria-prima têxtil empregada.
Para desempenho financeiro de 2020 das empresa, como receita e lucro veja mais no GBLjeans.
LOJAS RENNER
Publica dados consolidados das redes de lojas Renner, Youcom, Ashua e Camicado.
Nº total de lojas no primeiro trimestre de 2021: 606 (394 Renner; 99 Youcom; 8 Ashua; e 113 Camicado).
Nº total de Empregados em 2020: 24.757 (23.951 no Brasil; 520 no Uruguai; 224 na Argentina; 56 na China e 6 em Bangladesh).
Participação das mulheres: 16.041 (64,8%).
Nº de fornecedores: 3.559 no total. Dos quais 586 considerados revenda: 59,9% nacionais e 40,1% internacionais.
Participação de produção nacional: 74%.
RIACHUELO
A única das três a contar com parte de produção própria, realizada em duas fábricas da controlada Guararapes. Uma em Fortaleza, no Ceará, e outra em Natal, no Rio Grande do Norte. Dados abrangem a rede Riachuelo, Riachuelo Casa e Cartter’s
Nº total de lojas no primeiro trimestre de 2021: 330 (322 Riachuelo; 03 Riachuelo Casa; e 05 Cartter’s).
Nº total de Empregados em 2020: 35.508.
Participação das mulheres: 24.145 (68%).
Nº de fornecedores: 600 classificados de revendas (entre nacionais e estrangeiros).
Participação de produção nacional: NI. A produção própria de vestuário equivale a 32% do total.
C&A BRASIL
Subsidiária da varejista de origem na Holanda e a única a ter capital aberto, com IPO realizado em 2019.
Nº total de lojas no primeiro trimestre de 2021: 297.
Nº total de Empregados em 2020: 14.350.
Participação das mulheres: 9.702 (67,6%).
Nº de fornecedores: 856. Desses, 712 nacionais, sendo 186 diretos e 526 subcontratados. Mais 144 fornecedores internacionais.
Participação de produção nacional: 80%.
CONSUMO DE ÁGUA
O GBLjeans padronizou a medida para metros cúbicos, como fazem Renner e Riachuelo. A C&A usa megalitros e a medida foi convertida. Dados relativos a 2020.
RENNER = 292.000 metros cúbicos.
RIACHUELO = 1.058.000 metros cúbicos (inclui lojas, CDs, sedes das empresas do grupo e as fábricas, incluindo área de lavanderia de jeans).
C&A BRASIL = 153.300 metros cúbicos.
CONSUMO DE ENERGIA
Para esse balanço da sustentabilidade no varejo, o GBLjeans optou por padronizar a medida para MWh (megawatt-hora), como faz a Riachuelo. A Renner e C&A usam gigajoule (GJ) e a medida foi convertida. Dados relativos a 2020.
RENNER = 1.375.000 MWh. Dos quais 96,2% de origem de fontes renováveis.
RIACHUELO = 167.523 MWh. Consumo das lojas corresponde a 136.280 MWh, “60% provenientes de fontes renováveis, por meio da aquisição de energia incentivada no Mercado Livre de Energia”, informa a empresa.
C&A BRASIL = 502.679MWh.
EMISSÕES DE GASES ESTUFA
As três varejistas usam a medida tco2 (toneladas de dióxido de carbono).
RENNER = 35.060,98 tco2. Conforme a empresa, considerada carbono neutro desde 2017.
RIACHUELO = 42.120 tco2 (17.532 tco2 relativos a lojas, CDs e sede; 21.048 tco2 emitidos pelas fábricas; 7.540 tco2 de outras empresas do grupo como shopping center, financeira e transportadora).
C&A BRASIL = 111.290,33 tco2
CONSUMO DE ALGODÃO
Em seus relatórios de sustentabilidade, Renner e Riachuelo indicam em toneladas o consumo de matéria-prima têxtil. A C&A não informa (NI), menciona o percentual de produtos que usam determinados insumos.
RENNER = equivalente a 16,1 toneladas de algodão (conforme o relatório). Do total, 79,9% dos produtos contam com algodão certificado, informa a empresa. A varejista acrescenta ainda que, em 2020, colheu cerca de 200 kg de algodão agroflorestal, destinados a uma coleção cápsula de produtos infantis a ser lançada em 2021.
RIACHUELO = equivalente a 10.237 toneladas de algodão. Desses 15% de algodão BCI.
C&A BRASIL = NI. Em 2020, 90% de algodão mais sustentável, assim considerado “o algodão cultivado de acordo com padrões do BCI, algodão orgânico e algodão reciclado”, explica o relatório da empresa. A meta era atingir 100% em 2020. Não alcançou devido à pandemia, afirmou a varejista no documento.
CONSUMO DE POLIÉSTER
RENNER = equivalente a 4,6 toneladas (conforme o relatório).
RIACHUELO = 2.173 toneladas
C&A BRASIL = NI. Diz estar presente em 17% dos produtos.
CONSUMO DE VISCOSE
RENNER = equivalente a 5,6 toneladas (conforme o relatório). Dos quais, 73,5% dos produtos com viscose certificada.
RIACHUELO = NI quantidade em 2020. Informa que em 2019 foram 1.600 toneladas, 18% fornecidas por Lenzing ou Birla. Em 2020, o percentual subiu para 38%.
CONSUMO DE POLIAMIDA
RENNER = equivalente a 1,6 toneladas (conforme o relatório).
RIACHUELO = 24 toneladas
C&A BRASIL = NI
OUTRAS FIBRAS
RENNER = equivalente a 2,5 toneladas de meia malha (conforme o relatório).
RIACHUELO = 200 toneladas de elastano | 22 toneladas de linho | 43 toneladas de liocel | 0,7 tonelada de poliuretano.
C&A BRASIL = NI
JEANS SUSTENTÁVEL
O balanço da sustentabilidade no varejo mostra ainda que as três varejistas dedicam capítulo especial às iniciativas em torno do jeans.
RENNER = Destaca a linha RE JEANS. “Peças de jeans reciclado feitas a partir das sobras têxteis, que seriam destinadas aos aterros sanitários, mas são reinseridas no ciclo, passam por separação, são desfibradas e voltam a ser um fio, com o qual novos tecidos são criados”.
Em 2020, lançou mais uma coleção do Re Jeans, isenta de fibras sintéticas e feita com algodão certificado, destaca a empresa. “Com o Re Jeans, promovemos a reinserção de 673 kg de tecido jeans no ciclo produtivo, evitando seu descarte”, afirma a Renner no relatório.
Na criação das coleções usa técnica de upcycling para evitar desperdício de materiais potencialmente úteis. “No lugar de desenvolvermos novas estampas e fibras do zero, usamos o excedente de tecidos já existentes para criar novos produtos e dar novos usos a um material que não teria mais lugar no mercado”.
Em 2019, investiu R$263,7 mil em projetos voltados à criação de novos modelos de fios que ampliassem a circularidade das peças. Os fios foram usados nas coleções Re Jeans e na calça circular Youcom, lançadas em 2020.
O relatório de sustentabilidade também destaca a “primeira calça pós consumo do Brasil, feita a partir de calças jeans que seriam descartadas e foram doadas pelos clientes nas lojas da Youcom ao longo dos três anos do Projeto Jeans For Change”. De acordo com a empresa, foram 900 kg de tecidos reaproveitados, por meio da desfibragem, que se transformaram em 600 unidades da nova calça.
RIACHUELO = Jeans é um dos produtos do selo Moda que Transforma lançado em 2020. O selo identifica produtos compostos por materia prima ou processos sustentaveis. O jeans é feito em Fortaleza e conta com lavanderia própria.
Sem informar métricas, a empresa cita que os jeans do selo consomem de 45% a 95% menos produtos químicos que os processos tradicionais. “Até 90% de economia de água”.
C&A BRASIL = Afirma que a coleção de peças em jeans Ciclos, reduziu em cerca de 65% o uso de água no processo de lavanderia quando lançada em 2020. A segunda coleção apresentada em 2021 aumentou o percentual para 80%.
Conforme a empresa, usou 7,4 litros de água por peça (o processo convencional empregaria 48,8 litros – o que resultaria nos 80% poupados).
Em 2020, tornou-se a primeira empresa nas Américas a lançar produtos feitos no Brasil com a Certificação Cradle to Cradle (C2C), de nível Gold. “Isso só foi possível graças a um intenso trabalho de desenvolvimento de nossa rede de fornecimento local, que agora pode produzir produtos em jeans e em malha com essa certificação”, diz a empresa.