Resultados de Inbrands, Track&Field e Enjoei revelam contrastes entre moda premium, franquias fortes e resale digital.
O terceiro trimestre de 2025 reforçou como o varejo de moda brasileiro opera em realidades bastante distintas. Ao comparar os resultados financeiros do terceiro trimestre de 2025 de Inbrands, Track&Field e Enjoei — três empresas de moda com modelos e públicos totalmente diferentes — emerge um retrato claro de um setor fragmentado entre companhia que perde margem, outra que acelera expansão e uma que tenta monetizar o resale em meio a um mercado ainda difuso.
Enquanto a Track&Field cresce com margem e caixa forte, impulsionada por franquias e comunidade de marca, a Inbrands enfrenta perda de rentabilidade e volume, sem que o plano de reestruturação decole. Já a Enjoei busca eficiência, novos canais de venda, estabilizar a operação e ajustar o portfólio.
PERDAS NA INBRANDS
Dona de marcas como Ellus, Richards e Bobstore, a Inbrands voltou a aprofundar a perda e com queda de faturamento. A receita líquida do terceiro trimestre de 2025 da Inbrands somou R$107,39 milhões, retração de 10,5% frente ao mesmo período do ano anterior. No acumulado de 9 meses de 2025, a queda foi de 1,7%, totalizando R$308,36 milhões.
Conforme o balanço financeiro da companhia, o prejuízo líquido do terceiro trimestre de 2025 se agravou para R$27,3 milhões, quase cinco vezes maior do que o registrado em 2024. Em 9 meses de 2025, a perda líquida alcançou R$94,9 milhões, praticamente o dobro do ano anterior.
TRACK&FIELD ACELERA
No extremo oposto, a Track&Field entregou mais um trimestre de forte crescimento. A empresa registrou receita líquida de R$268,53 milhões no terceiro trimestre, alta de 31,4% sobre igual trimestre de 2024. No acumulado de 9 meses, o faturamento de janeiro a setembro da companhia chegou a R$723,4 milhões, avanço de 29,5%.
A lucratividade também seguiu firme, com a Track&Field registrando lucro líquido de R$29,9 milhões no terceiro trimestre de 2025, aumento de 30% sobre o ano anterior. Em 9 meses de 2025, o lucro líquido registrou R$ 98,7 milhões.
Até setembro, a companhia operava 417 lojas, sendo 362 franquias e 55 próprias, incluindo 13 outlets. Dessa rede, duas estão localizadas em Portugal. Condição rara no varejo brasileiro, a Track&Field opera sem dívida.
ENJOEI REORGANIZA OPERAÇÃO
Entre as empresas digitais, a companhia Enjoei registrou o maior faturamento da sua história, com receita líquida de R$70,07 milhões no terceiro trimestre de 2025. A alta foi de 2,94% sobre o mesmo trimestre de 2024. O prejuízo líquido recuou 4% para R$2,46 milhões no terceiro trimestre.
Somando o brechó de luxo Enjoei com o marketplace de produtos artesanais Elo7, as plataformas transacionaram 2,25 milhões de itens no terceiro trimestre de 2025. No varejo físico, a empresa opera 3 franquias da Enjoei e prevê abrir outras seis.
Em outubro, a companhia vendeu sua participação de 25% na rede de brechós de produtos infantis Cresci Perdi por R$36 milhões, praticamente o mesmo valor pago em 2023. A recompra foi feita pela própria Cresci Perdi. Em fato relevante aos investidores, a Enjoei informou que tomou a decisão ao constatar “descumprimento contratual relevante que impossibilitava a continuidade da sociedade de forma imediata”.
foto: campanha da Track & Field para anunciar Elisa Zarzur como embaixadora da marca (divulgação/Tom Barreto)
