Atemporal, comercial e resistente, tecido está entre as três matérias-primas consideradas chave para as próximas coleções.
Embora os efeitos da covid-19 sobre a moda ainda estejam cercados de incerteza, os especialistas arriscam prever que o consumo vai privilegiar o estilo atemporal, básico e duradouro. Deu match com o jeans, para ficar em uma linguagem atual. As pesquisas asseguram essa influência. Em relatório recente, por exemplo, a plataforma de busca online de moda Tagwalk citou o denim como um dos três tecidos-chave das próximas coleções, junto com o tricô e o couro.
O material voltou a ocupar as passarelas de lançamentos para homens e mulheres. A plataforma também acrescenta que houve aumento nas buscas. Entre as marcas de destaque, a Tagwalk cita a R13 Denim, que registrou 75% da coleção feminina mais recente baseada em jeans. Em seguida, e mais distante, a GCDS (26,8%), a Y/Project (26,5%), a Koché (25%) e a Céline (11,7%). Para as coleções masculinas, o denim é o que mais cresceu entre os materiais escolhidos, diz o relatório da plataforma de busca.
Aliás, a coleção mais recente da R13 juntou dois dos principais materiais previstos para as novas temporadas: o denim blue combinado ao couro preto.
Para ambos os segmentos, homens e mulheres, o denim continua a ser mais empregado em calças. A tendência é o bleached denim e aumento do black, confirma a Tagwalk.
ALGODÃO ORGÂNICO E CIRCULARIDADE
Entre os novos materiais, a plataforma menciona o crescimento do uso de algodão orgânico nas passarelas internacionais em 2020. No jeans, as marcas que destaca são Louis Gabriel Nouchi e Ottolinger. “Atualmente, a sustentabilidade é um componente essencial da indústria. Os criadores estão se voltando cada vez mais para novos materiais e técnicas eco-conscientes e responsáveis”, conclui o relatório.
Algumas grifes deram passos importantes na corrente que desliza para encontrar a circularidade. Esta semana a Gucci, reconhecida pelo estilo de excessos, lançou a coleção ‘Off the Grid’. Segundo a marca, a linha recorre a materiais orgânicos, reciclados ou naturais. Entre os quais ressalta o uso do econyl, náilon derivado obtido de produtos descartados, como redes de pesca e tapetes. Assim como a Gucci recupera o couro de sobras de coleção.
Seguindo a trilha da sustentabilidade, a marca colocou Jane Fonda para representar a campanha da linha. Ainda que não represente a mulher comum, a grife inova, porque a atriz tem 82 anos, aparece com os cabelos brancos e, ultimamente, tem associado sua imagem ao ativismo político em protestos exigindo ações para enfrentar as mudanças climáticas.
Em Londres, a Marques’Almeida colocou na passarela virtual da semana de moda britânica seu novo selo. A Rem’Ade transforma resíduos em moda. As roupas são feitas com materiais e tecidos recuperados dos estoques acumulado pela marca principal. De forma que as coleções ganham viés de edição limitada. Acabando os tecidos escolhidos para o desenvolvimento, o artigo deixa de ser produzido.
Pelo modelo adotado, a Rem’Ade questiona também o padrão comercial. Só vai produzir sob encomenda. “Não depende de tendências, estações, semanas de moda ou carteira de pedido mínimo”, declara a marca em comunicado ao mercado.