Florais e assinaturas estilizadas são os efeitos mais usados, como já fazem as marcas internacionais
A edição passada da Première Vision trouxe como grande novidade o denim construído em bases de jacquard. Florais, poás ou risca de giz com fio de lurex cobriram peças inteiras. A tendência ganha tradução nas lavanderias nacionais, com estampas localizadas ou aplicadas aleatoriamente sobre o jeans.
São aplicações em florais, números, letras e assinaturas estilizadas. Os efeitos se revelam em serigrafia à base d´água e são aplicados, principalmente, no cós interno das calças, em forma de assinatura dos produtos, no lugar das etiquetas tradicionais de marca.
Externamente, a serigrafia tem sido feita com tinta do tipo plastisol por meio do recurso conhecido como espatulado, que permite a obtenção de relevos nos desenhos. Há de se ter cuidado para que as partes a serem estampadas estejam fora das costuras ou junções, pois, o acúmulo de tinta nessas áreas pode distorcer ou prejudicar a visualização da imagem.
A corrosão é outro recurso muito empregado. Nesse caso, a retirada da cor do tecido faz revelar o contorno das ilustrações em um só tom. É importante que as calças estejam no mínimo desengomadas, pois a goma do tecido bruto dificulta a fixação da tinta na superfície. Mas, claro, há uma gama variada de técnicas e cada empresa tem sua preferência.
Não é regra, mas a maioria prefere aplicar as estampas na peça já pronta, garantindo maior durabilidade ao resultado. A principal restrição é evitar o calor. Entretanto, se a intenção do cliente for dar aquela cara de jeans muito usado, dá-lhe stonewashed após a inserção dos grafismos, garantem os técnicos.
Demanda aumenta
Há três meses recebendo encomendas para trabalhos nessa linha, a lavanderia Lavamatic, sediada em Fortaleza (CE), tem 10% da produção na estamparia voltada para peças com estampas localizadas – algo em torno a 10 mil peças. Até agora, florais e assinaturas estilizadas são o carro chefe, afirma Alexandre DallOlio, diretor-presidente. São cerca de 40 clientes, dos quais cinco vêm solicitando o trabalho em larga escala.
Para fazer as estampas, os processos usados pela Lavamatic são diversos. Além da aplicação dos já citados, a empresa utiliza pistola, tela de silkscreen e a técnica do tye-die. Cada efeito é usado de acordo com o tipo de resultado desejado pelo cliente. Um dos mais solicitados é o envelhecido, cujo processo é a corrosão. Nessa opção, o estampado fica mais discreto, diferente do silk, onde as cores se mostram mais intensas, observa o diretor.
O grande trunfo para as lavanderias é dispor de um portfólio que agrade aos clientes. A Lavamatic contratou um desenhista para sua equipe de estilo, que auxilia na escolha e criação das estampas encomendadas por alguns clientes, além de desenvolver a cartela da lavanderia.
Técnicas especiais
Mesmo sem receber pedidos para trabalhos em estamparia, algumas as lavanderias se preparam para as demandas das próximas estações. Recém-chegado da Europa, Marcelo Bezerra, um dos sócios da Wash Brasil, trouxe novidades que pretende usar para montar a nova coleção. Utilizando hot stamp, foil e silkscreen, a lavanderia, localizada em Juiz de Fora (MG), está desenvolvendo o inverno 2008.
Sem entrar em detalhes, Bezerra adianta que a promessa é o xadrez silkado. Ele conta também que está testando uma nova técnica: aplicar plastisol à peça com rolo daqueles usados para fazer texturas em parede. O segredo dessa produção, antecipa, será o amaciamento especial que confere toque diferenciado em todas as aplicações.
Também em fase de desenvolvimento do mix para o próximo inverno, a Zubom, de Passa Quatro (MG), vem experimentando estampas diferenciadas para a linha Equus. A estilista Neuza Claudinho conta que teve o tango como inspiração para a linha de florais. Os testes feitos até agora utilizam espatulados e corrosão.
A estilista garante que a lavanderia desenvolveu uma técnica exclusiva para as aplicações, sobre a qual não informa detalhes. Diz apenas que com esse recurso industrial, não haverá restrições. “As peças poderão sofrer lavagens e qualquer beneficiamento após as aplicações”, afirma Neuza.
Robôs na produção
Para a área de lavanderia da Staroup, localizada em Botucatu (SP), a tendência de aplicar estampas no jeans já faz parte da rotina de produção. Há três anos, a empresa adquiriu dois robôs que por meio de raios laser revelam qualquer tipo de desenho ou foto sobre o jeans. O resultado é um degradê de azuis, similar à fotografia em preto e branco, explica Lúcia Freire, gerente de produto da área de lavanderia.
A Staroup também comprou robôs que lançam cores sobre as calças em movimentos aleatórios. “Essas máquinas repetem os movimentos do artista no momento da criação, permitindo a reprodução em alta escala”, garante Lúcia. Zoomp, Levi´s, Lee, Dzarm e a alemã Marco Polo estão entre os clientes da lavanderia que assinam o cós interno com silk. Essa produção representa um montante de 25 mil peças por mês.
fotos: divulgação