Para manter o giro do mercado, fabricante realiza evento online adaptando as tendências ao novo momento trazido pela covid-19.
Com a paradeira do mercado trazida pela covid-19, a Canatiba Denim Industry segurou a produção. Concedeu férias coletivas, mas sem a retomada prevista, recorreu à medida provisória 936. Suspendeu por 30 dias os contratos de trabalho do pessoal de fábrica, conta ao GBLjeans, Fábio Covolan, diretor de marketing do fabricante. Vai retornar a produção a partir da primeira semana de junho.
Para outra parte dos colaboradores reduziu jornada de trabalho e salários. “Foi a forma de preservar postos de trabalho”, ressalta o diretor. Atualmente, a Canatiba emprega 2,3 mil funcionários, dos quais 1,9 mil da área industrial. Ele explica que muitos pedidos foram prorrogados. Poucos cancelados, observa. E que a atual demanda interna não justificaria retomar as atividades das fábricas.
Os estoques reguladores são suficientes para manter o atendimento, diz. Ele conta que a empresa mantém 200 produtos para pronta entrega. O que varia é o volume disponível de cada um. “Os clientes que estão fazendo pedido estão jogando no seguro, comprando tecidos consagrados”, afirma Fábio Covolan.
Boa parte das compras tem partido de PLs que atendem grandes varejistas que começaram a reabrir lojas e estão replanejando o abastecimento.
DÓLAR ALTO DEIXA BRASIL COMPETITIVO NO EXTERIOR
Sobre uma mudança em redesenho da cadeia produtiva global, o diretor confirma que tem recebido mais consultas do exterior. Sobretudo de países da América do Sul, particularmente de distribuidores de tecidos, diz. Mas ele atribui o interesse mais à depreciação do real frente ao dólar do que necessariamente à valorização de produção mais próxima do mercado consumidor.
Fábio Covolan lembra que o Brasil tem acordos comerciais com o Mercosul, Colômbia e Peru. Para os demais países, “somos muito tributados”, aponta. Desse modo, entende, o aumento de participação no mercado internacional fica muito dependente do câmbio. “Se está favorável, temos preços competitivos. Atualmente, o dólar nos deixou competitivos. A pergunta é: por quanto tempo? Se o real apreciar, acaba essa competitividade”, constata.
BIA AIDAR DIZ QUE É TEMPO DE SE REINVENTAR
No lugar do tradicional evento de lançamento, a Canatiba realizou uma apresentação online de Bia Aidar com as propostas de moda adaptadas ao novo momento do mercado. Ao encerrar a apresentação dividida em dois dias, o diretor de marketing reforçou que a disposição foi no sentido de reunir sugestões certeiras para enfrentar a crise e oferecer condições especiais. “Não ousamos dizer o que vai acontecer”, fez questão de ressaltar.
Bia Aidar fez duas palestras, de uma hora cada uma, nos dias 13 e 14 de maio, quando estavam previstos os lançamentos do inverno 2021. “Estávamos caminhando roboticamente. Com a covid, tudo parou”, disse a consultora de moda ao abrir os trabalhos. E, com isso, veio a necessidade de se reinventar, considera.
Ela ponderou que cada cliente está vivendo momentos diferentes. As situações variam entre os que têm estoque de tecidos, estoque de peças prontas que não vendeu ou que não conseguiu entregar.
Bia recomenda que o melhor ponto de partida para as marcas com peças prontas será retrabalhar.
:: Sugere aplicação de efeitos com marcação a laser para dar cara nova, se preciso for.
:: Overdyed colorido é outra opção.
:: Cortar uma das mangas para transformar a peça em top de um ombro só. Isso recupera uma peça já pronta e fica em sintonia com a moda.
:: Cortar a skinny represada e lançar biker shorts é outra proposta.
:: Fazer uma collab com algum artista plástico local para que ele crie intervenções em acervos prontos também pode funcionar como variação comercial.
Não por acaso, o primeiro dia do evento foi batizado de Percepção e dividido nas abordagens Adaptação, Coletivo e Rede. Nomeado de Ponto de Vista, o segundo dia ficou reservado para cores, formas, detalhes e efeitos. “Reaproveitar peças não é fácil mas é o que muitos terão que fazer”, assinala a consultora.
DIRETRIZES A CONSIDERAR
Para os que estão revendo coleções, a Canatiba não apresentou lançamentos. Preferiu fazer uma seleção de 21 artigos considerados consagrados, rever valores e mostrar
como eles se encaixam nas tendências, explica Bia Aidar.
CORES
A referência é a paleta de cores mais recente da Pantone. A busca pela proximidade com a natureza, valoriza os tons de verde.
NICHOS
Homewear pode ser um desses nichos de mercado a explorar, assim como a moda inclusiva.
FITS
Como o home office pode se estender no Brasil, os top ganham relevância estética, da mesma forma que as formas soltas. Camisas e camisetas estão em evidência.
No feminino, os volumes dos tops devem ser concentrados na parte de cima e não descer para as mangas, facilitando assim a vida de mulheres que estão em home office com filhos em modo de escola remota.
Blazer jeans para homens e mulheres são destinados a manter o estilo em reuniões virtuais, de empresa ou com clientes.
Jaquetas de formas tradicionais podem ganhar vida nova com a aplicação de couro,veludo ou renda na gola e nos bolsos.
Depois de quase ficarem para trás, as jogger retornam como alternativa confortável para os dias de trabalho em casa.
Macacão e conjuntos coordenados também funcionam para o feminino, aponta a consultora.
DETALHES
Em camisas, os bolsos podem ficar mais baixos que o normal.
Bolsos amplos. Bolsos removíveis e que podem ser colocados em outros locais da peça.
Brilho de aspecto líquido obtido com aplicação de foil ou cristais,
Estampas com efeito de distorção dos desenhos padrão.
Vincos frontais nas calças, especialmente em modelos flare e slim.
Zíperes expostos em shorts e calças.
As cinturas femininas ganham diversidade de altura. Das calças com cós abaixo do umbigo até a cintura mais alta.