O Tramando Junt@s reúne costureiras bolivianas que vivem no Brasil e montaram um grupo a partir do Lab de Moda Sustentável.
Começa a ganhar corpo o projeto Tramando Junt@s que reúne um grupo de 20 costureiras bolivianas que vivem no Brasil. O galpão onde elas vão trabalhar está em reforma e deverá começar a funcionar no segundo semestre. Até lá, fica pronto em julho o primeiro mostruário que apresentarão para comercializar os serviços de costura. Inicialmente, o grupo vai se dedicar à confecção de uniformes de uso profissional, em diferentes áreas.
É o modelo de trabalho colaborativo desenhado pelo grupo que torna o projeto inovador, explica ao GBLjeans Lucilene Danciguer, líder-gestora do Lab Moda Sustentável. O Tramando Junt@s floresceu a partir do LMS, criado há dois anos em aliança que uniu ABVtex (Associação Brasileira do Varejo Têxtil) e Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), com a participação da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Diferentemente de uma cooperativa, o coletivo de costureiras encontrou uma forma jurídica de atuação que envolve a união de MEIs, a licença de microempreendedor individual. O trabalho colaborativo será executado em galpão localizado no bairro paulistano da Casa Verde, onde vive a maioria das costureiras do grupo. Ali, terão condições seguras de trabalho, remuneração justa e estarão próximas de suas crianças. Com o galpão pronto, a ideia é evoluir até ter capacidade para 50 mil peças por mês, estima Lucilene.
O arranjo conta com o apoio da Alampyme (Associação Latinoamericana de Micro, Pequena e Média Empresa); do Cami (Centro de Apoio e Pastoral do Migrante); do Instituto Ecoar; da secretaria dos Direitos Humanos da cidade de São Paulo; e do Repórter Brasil.
O modelo de união de MEIs poderá ser reproduzido. “Mas só a prática vai dizer se esse modelo de fato funciona”, entende Lucilene.
RASTREAR A CADEIA DE PRODUÇÃO BRASILEIRA
Outra iniciativa mais ambiciosa apontada pela gestora do Lab Moda Sustentável visa rastrear o ciclo de vida do produto desde o início na fiação até o varejo. A cadeia de produção da indústria têxtil e de confecção brasileira é bem longa e complexa. Torna-se ainda mais desafiadora para a rastreabilidade quando alcança a etapa de confecção e acabamento, pulverizada em milhares de pequenos e médios negócios espalhados pelo país.
Ainda em formatação, o projeto também busca financiamento para avançar. A ideia é começar por rastrear uma categoria de produto, testar a metodologia, para depois expandir e incluir mais artigos.
GANHAR ESCALA
Organizado em grupos de trabalho, o Lab Moda Sustentável definiu seis iniciativas multissetoriais, que identificam desafios a vencer em educação, cultura e consumo, trabalho e desigualdade, ambiente de negócios e políticas públicas. “Neste momento, as iniciativas estão se tornando projetos e a plataforma alçando um outro patamar de colaboração buscando ampliar o número de participantes, de ações e conexão com outros movimentos engajados na causa da moda sustentável”, diz Lucilene Danciguer.
Por isso, para a próxima fase serão convidados mais 29 profissionais de 18 empresas ou instituições para se juntarem à turma da formação inicial. Atualmente, o LMS reúne 35 pessoas, de 32 empresas ou entidades e autarquias. Segundo a gestora, uma das medidas será apoiar iniciativas existentes, com a intenção de que ganhem escala. Foi com esse intuito, por exemplo, que o LMS apoiou em abril as atividades do movimento Fashion Revolution no país.
Outro objetivo será “contribuir para a criação de condições favoráveis para a transformação da moda, influenciando políticas públicas e gerando mecanismos de investimento em soluções”, diz comunicado da aliança.
O Lab Moda Sustentável tem como financiadores o Instituto C&A, a Fundação Hermann Hering e a OIT. Tem apoio da Santista e é executado pela Reos Partners.