Novo relatório Commodity Markets Outlook alerta para pior choque de preços em 2022 desde 1970.
Desde maio de 2020 os preços do algodão mantiveram a tendência de alta. E o Banco Mundial prevê nova e forte disparada em 2022, de 40%. A instituição avalia que a cotação tende a diminuir só a partir de 2023, quando prevê redução de 6,5%. A projeção consta do novo relatório Commodity Markets Outlook divulgado esta semana pela instituição. Nas avaliações, o documento aponta que a guerra na Ucrânia deverá provocar o pior choque de preços das commodities desde 1970, com reflexos inflacionários sobre trigo, algodão, gás natural, fertilizantes e petróleo, entre outros itens.
“A força geral do preço reflete uma melhora gradual nas perspectivas para a demanda global de algodão, que deve atingir uma média de 26,2 milhões de toneladas na temporada atual (2021/22), 2% acima de 2020/21. Essa perspectiva é uma melhora acentuada em relação à contração relacionada à pandemia (de covid-19) da temporada anterior de mais de 13%”, analisou o relatório do Banco Mundial, baseado em dados do Icac (International Cotton Advisory Committee).
Ainda conforme o documento a produção global de algodão deverá aumentar 8,4%, liderada por Estados Unidos e Brasil, considerados os dois maiores exportadores mundiais da fibra, com participação de 20% cada. “Espera-se que a produção na China e na Índia, os maiores produtores do mundo, diminua marginalmente devido a desafios relacionados ao clima”, completa o relatório.
PROJEÇÃO DE PREÇOS DO BANCO MUNDIAL
A previsão do Banco Mundial é de o algodão alcançar cotação média de US$3,10 por quilo em 2022, ante US$2,23 por quilo de 2021.
Pelas projeções, o preço médio recuaria para US$2,90 por quilo em 2023 e para US$2,86 em 2024.
No Brasil, o indicador mais recente do Cepea/Esalq aponta para preços em oscilação, em parte pressionados pela indústria que tem priorizado utilizar estoques como forma de conter custos diante do consumo retraído, e sem espaço para reajustes.
Para a Cotton Inc. os preços mundiais do algodão podem ser ainda influenciados pelos reflexos de novas ondas de covid-19 sobre a economia, como está acontecendo na China, e pela incerteza acerca do desfecho da guerra na Ucrânia. Também pesam os aspectos climáticos, como a seca que castiga áreas de cultivo da fibra nos Estados Unidos.