Safra 2020/21 terá área menor de cultivo porque produtor decidiu substituir por soja e milho que estão mais bem remunerados.
Os produtores brasileiros vão plantar menos algodão na safra 2020/21. A Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) estima queda de 13% quando comparada à temporada de 2019/20. A expectativa de produção projeta aproximadamente, 2,5 milhões de toneladas de pluma, na próxima temporada. Na safra atual, o país atingiu a marca esperada de 2,9 milhões de toneladas de algodão em pluma, outro recorde batido. O volume correspondeu a 5% acima da produção de 2018/19.
A área destinada ao cultivo do algodão também ficará menor. Conforme a Abrapa, serão 1,4 milhão de hectares, contra 1,6 milhão de hectares no ciclo anterior (-12%). Os números foram divulgados durante a reunião da Câmara Setorial do Algodão e seus Derivados. Presidente da Abrapa e da câmara setorial, Milton Garbugio, informou que a rentabilidade foi o fator primordial para a redução de área.
Outras culturas substituirão parte da área que destinada ao algodão. Os produtores estenderam o cultivo para milho e soja, que estão mais bem remunerados. “O setor amargou um grande baque com a pandemia da covid-19. Agora, estamos vendo a rápida recuperação do mercado, mas a decisão foi tomada dois meses atrás”, disse o dirigente.
Ele ainda ressaltou que outro fator pesou na decisão de plantar menos algodão, além do preço da commodity. “É preciso ter mercado para escoar a produção, tanto dentro quanto fora do Brasil. Os estoques mundiais deverão crescer em torno de 3% e, internamente, a previsão é de que tenhamos algo próximo de 422 mil toneladas de estoques de passagem, em 2020/2021. Não adianta produzir muito e não vender toda a produção”, concluiu.
MENOS ALGODÃO E A INDÚSTRIA TÊXTIL
Dos 2,9 milhões de toneladas de algodão em pluma da safra de 2019/20, de 700 mil a 750 mil toneladas ficam no mercado interno, informa a Abrapa. A maior parte segue para exportação, cerca de 2,2 milhões de toneladas. De acordo com a entidade, não há risco de escassez, nem que o algodão seja a fonte do aumento das roupas no varejo.
Informe do Cepea aponta que apesar de concluída a colheita da safra 2019/20, os vendedores estariam mais resistentes em diminuir os valores de novas negociações. Isso devido à maior remuneração da exportação frente ao mercado interno. “Compradores, por sua vez, estão afastados do mercado, alegando dificuldades no repasse dos preços da matéria-prima aos manufaturados”, indica o informe.
Ainda que a indústria têxtil e de confecção acumule queda no ano, a retomada do consumo está mais acelerada que o previsto. Presente na reunião da Câmara Setorial do Algodão, o presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) disse que a rapidez trouxe alguns problemas para o setor.
“O mercado está reaquecendo e, nessa retomada, depois de 90 dias, há questões a serem consideradas. Mas o fato é que não vai faltar algodão no Brasil. Precisamos estar coordenados nesse processo de retorno das atividades para ajustar o preço, o fornecimento e a demanda do mercado. Acredito que vamos precisar de uns 120 dias para ajustar essas equações”, estimou Pimentel.