Vestuário foi a atividade mais afetada da indústria brasileira com queda de quase 40% no mês em que começaram as restrições.
O avanço da covid-19 derrubou a produção industrial brasileira em março. Vestuário foi a atividade mais afetada da indústria em geral. Em relação a fevereiro, a queda foi brusca. Recuou 37,8%, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Baseado em isolamento social, o período de restrições no país começou a partir da segunda quinzena do mês e variou conforme o estado. São Paulo e Rio de Janeiro foram os primeiros.
Também a indústria de insumos têxteis diminuiu o ritmo de trabalho. Cortou em 20% na comparação com fevereiro. Foi a quinta atividade mais afetada no setor. E com esse desempenho interrompeu uma sequência de quatro meses com produção em expansão.
Segundo a pesquisa do IBGE, o baque foi generalizado. A produção brasileira caiu 9,1% em março. Apenas três segmentos tiveram aumento de atividade: impressão e reprodução de gravações; artigos de perfumaria e beleza; manutenção e reparação de equipamentos.
ACUMULADO DO ANO
Para a indústria do vestuário, o primeiro trimestre do ano foi de perda. Desde janeiro, a produção não pára de cair. Com o resultado de março, o acumulado do ano aponta redução de 10,9% sobre o primeiro trimestre de 2019. A queda sobre março de 2019 atingiu 27,5%, sendo novamente o segmento que mais sofreu nessa comparação, conforme a pesquisa do IBGE.
O acumulado do ano para a indústria têxtil não foi tão dramático porque a atividade mantinha ritmo de recuperação. Todavia os efeitos da covid-19 sobre março levaram o segmento a acumular declínio de 1,3%. Mesmo assim, uma taxa melhor que a apresentada pela indústria em geral, que acumula queda de 1,7%.
Sobre março de 2019, a produção de insumos têxteis recuou 9,9%, com desempenho inferior ao da indústria geral que registrou declínio de 3,8% no período.
DADOS DA GS1 BRASIL PARA ABRIL
A expectativa é de um abril ainda pior para a indústria em geral, uma vez que a paralisação das fábricas foi se alastrando pelo Brasil. Algumas empresas concederam férias coletivas e outras interromperam as atividades por períodos. Se em março as empresas de vestuário e têxteis mantiveram intenção de lançamento de produtos, em abril o cenário mudou radicalmente, mostra a pesquisa da GS1 Brasil.
O indicador para abril já aponta para os efeitos da pandemia na intenção de novos produtos no setor. Segundo a pesquisa da GS1 Brasil que acompanha a atividade industrial de acordo com os pedidos de registro de novos produtos na entidade, as solicitações despencaram 87,3% em abril entre as empresas do setor têxtil. Em vestuário, encolheu 39,8%.
Esse indicador acaba funcionando como uma prévia dos resultados de produção do IBGE. “Grande parte das empresas nacionais estão focadas na adaptação com relação às mudanças que estão ocorrendo no mercado, tendo o lançamento de produtos muitas vezes adiado”, declarou Virginia Vaamonde, CEO da GS1 Brasil, em comunicado sobre os resultados de abril.