Com expectativa de safra recorde e retração de compra, o preço do algodão no Brasil vem caindo há mais de um mês
A alta dos preços de algodão, registrada tanto no Brasil quanto no mercado externo, parece que encontrou o teto. Nas últimas semanas, as pesquisas mostram tendência de retração. Desde o dia 15 de março, quando foi atingida a cotação mais alta já registrada pelo índice CEPEA (R$ 132,86 por arroba), o preço do algodão tem caído dia a dia. Na última quinta-feira de abril, 28, chegou a R$ 98,97 por arroba, uma queda de 25% em pouco mais de um mês.
Entre as causas da recente diminuição nos preços do algodão, os especialistas indicam a retração das compras pela indústria, que buscou alternativas diante da cotação em patamares que nunca havia enfrentado, e a expectativa de reposição dos estoques, que ainda estão escassos, com o início da colheita da safra 2010/2011 no Brasil, que terá início em maio, com período de maior intensidade de junho a agosto, e da safra do hemisfério norte, que começa a ser colhida em setembro.
A espera dos compradores se justifica, já que a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), órgão do Ministério da Agricultura, prevê safra recorde de algodão para a temporada, estimada em 1,95 milhão de toneladas, que, caso se confirme, representará aumento de 65% comparado ao total colhido no período 2009/2010.
A estimativa da ABRAPA (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) é ainda maior. A entidade informa que os produtores esperam colher 2,06 milhões de toneladas, com aumento da área cultivada de 835 mil hectares para 1,37 milhão de hectares entre os dois períodos. “O aumento dos preços tem influenciado diretamente no aumento de área e, consequentemente, da produção de algodão na safra atual”, informou a associação.
Na bolsa de mercado futuro ICE Future US, em Nova York, os contratos fechados para entrega em dezembro registram valor 28% menor do que aqueles fechados para maio deste ano. De acordo com o economista da CEPEA, Lucílio Alves, o aumento da oferta irá renovar os estoques e manter a tendência de queda, mas talvez seja muito cedo para contar com patamares mais baixos. “Há uma expectativa de que, com o passar dos meses e a nova safra, os preços possam ceder, mas ainda deve ficar acima da média dos últimos dez anos”, adverte o especialista.