Pesquisa mostra que esse grupo forma universo de 30 milhões de consumidores ativos, saudáveis e sem medo da tecnologia.
Estudo sobre os hábitos de compra de quem passou dos 60 anos no Brasil mostra que em 20 anos essa população atingirá 89 milhões de pessoas. Por essa data, será maior que o grupo de jovens de até 14 anos, invertendo o atual desenho da divisão demográfica brasileira. E já nos dias de hoje os 60+ representam um universo de 30 milhões de consumidores ativos, saudáveis e que usam a tecnologia para simplificar o dia a dia. Começam a deixar de ser invisíveis. Se quiserem acompanhar essa mudança de paradigma de consumo, as empresas com braço de varejo vão ter que adequar a estratégia aos novos tempos.
A terceira edição do estudo realizada pela SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo), em parceria com a empresa de pesquisa AGP, revela mudanças substanciais. Dos que têm mais de 60 anos e participaram do levantamento, 59% afirmam que compram moda (roupas, calçados e acessórios) pela web. Essa participação era de 36% na pesquisa de 2017. Moda perde para a compra de eletroeletrônicos, de deslocamento acionado via apps de transporte (tipo Uber e 99táxi) e de delivery de refeição, nessa ordem.
Esse aumento deriva do próprio crescimento no uso de smartphones nos últimos dois anos entre a população mais velha. Em 2017, 24% usavam celulares com acesso à internet para fazer compras online. Esse percentual pulou para 64% em 2019. Os smartphones desbancaram o computador usado ainda por 60%. Há dois anos, 89% recorriam ao computador para compras pela web.
Do total, 62% disseram que compram online para não ter que sair de casa. É o mesmo percentual daqueles que responderam usar a internet para comprar a hora que querem, sem os limites de horário do varejo físico. Outros 55% dizem que os preços encontrados na internet são melhores que os cobrados pelas lojas convencionais. Só não compram mais alegando razões de segurança, especialmente na questão de dar acesso a dados bancários.
VAREJO PRECISA REFINAR ATENDIMENTO
Quando vão ao varejo físico, 74% informam que deixam de ir a lojas nas quais são mal atendidos e trocam por outro lugar. Nessa categoria de mal atendimento entram locais com filas grandes, vendedores impacientes ou mal educados. São problemas que, na verdade, não deveriam afetar consumidor algum, independentemente da idade. Conforme a pesquisa, para os com 60+, a questão do atendimento tem mais importância que acessibilidade ou contar com lugar para descanso.
Para esse estudo, a pesquisa trabalhou com 500 entrevistas, entre homens e mulheres. A amostra incluiu 95% de pessoas entre 60 e 69 anos; 4% de 70 a 79 anos; e 1% com mais de 80 anos. A maioria (56%) vive com o cônjuge. Outros 38% com filhos. E 19% moram sozinhos. De acordo com o levantamento, 54% vivem da aposentadoria; 18% têm empregos informais e 12% são registrados em carteira profissional. Outros 3% são empresários; 2% vivem de rendimentos de aplicação ou aluguel de imóveis; 2% contam com apoio familiar para viver; e 14% dispõem de outras fontes de renda que não as anteriores.