Indústria sofre com falta de crédito

Indústria sofre com falta de crédito

Pesquisas realizadas pela ABVtex e pelo Sinditextil-SP mostram cenário pessimista e poucas empresas que tomaram empréstimo.

Indústria sofre com falta de crédito

Desde o início da pandemia de covid-19, a indústria sofre com a falta de crédito. Constituída majoritariamente por micro e pequenas empresas, a cadeia de produção sempre enfrentou dificuldades em tomar empréstimo. Em meio à crise, com mais empresários tentando tomar crédito para injetar capital, o impasse ganhou visibilidade. Duas pesquisas ressaltam o cenário pessimista. A da ABVtex (Associação Brasileira do Varejo Têxtil) é do final de junho e se concentrou no acesso ao Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), linha emergencial criada pelo governo federal.

A entidade ouviu as empresas que integram o Programa ABVtex, constituído por fornecedores varejo, como PLs e lavanderias, e seus sub-contratados. De acordo com o levantamento, apenas 5% desse universo estão utilizando a linha de crédito do Pronampe. Da imensa maioria, 11% informaram não ter interesse na operação.

Os outros 84% recorreram ao programa. Desses, 31% tiveram o financiamento recusado porque a empresa não atendia ao perfil definido. Cerca de 8% ainda aguardam análise do pedido. Uma parte menor (7%) trabalha com bancos que não estão habilitados para o Pronampe e 5% informaram que ao procurar a linha, o banco tentou oferecer outro produto.

Falta de conhecimento também foi um fator de dificuldades: 27% das empresas não conheciam essa linha de crédito. E outros 11% foram em busca do empréstimo mas a agência com a qual trabalham não conheciam o Pronampe.

Atualmente, o Programa ABVtex opera com 3.766 fornecedores do varejo, que empregam 334 mil trabalhadores com carteira assinada.

ENQUETE DO SINDITEXTIL-SP E ABIT

Pela enquete realizada pelo Sinditextil-SP, também as indústrias têxteis e de vestuário do estado de São Paulo sofrem com a falta de crédito. Metade das indústrias têxteis e de vestuário do estado de São Paulo ouvidas não buscou linhas de financiamento em geral. Da metade que tentou obter recursos para fazer frente a crise da covid-19, somente 25% tiveram o pedido aceito. A maior parte dos que tiveram a solicitação de crédito recusada (67%) apontou como motivo garantias excessivas; 56% não concordaram com o custo do capital; 11% consideraram o prazo inadequado; e 33% marcaram outros motivos.

No plano nacional, o perfil da enquete muda ligeiramente, conforme o relatório da Abit (Associaão Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção). Da amostra total, 60% das empresas disseram que haviam tentado obter crédito no início de junho. Mas 68% não conseguiram contratar empréstimo no sistema bancário. São os mesmos motivos e a empresa poderia assinalar mais de uma resposta: 81% garantias excessivas; 57% custo do capital; 19% prazos inadequados; 29% outros.

PRONAMPE ABRIU LINHA DE CRÉDITO DE R$20 BILHÕES

Segundo o Sebrae, o Brasil conta 4,8 milhões de empresas, entre micro e pequenas empresas, incluindo as MEI. O Pronampe foi criado para atender esse universo com R$ 20 bilhões a serem distribuídos. Conforme a Receita Federal, a linha de crédito corresponderá a, no máximo, 30% da receita bruta anual da empresa, calculada com base no exercício de 2019. O programa prevê 36 meses de prazo de pagamento e carência de oito meses para começar a quitar.