Investidores buscam empresas que tenham redes de distribuição fortes e capilarização, traduzida pelo número de pontos-de-venda, quantidade de cidades abastecidas e potencial de compra do consumidor
O cenário econômico brasileiro favorece os investimentos. O risco-país atinge o menor nível e os especialistas projetam que o Brasil estaria cotado para receber o chamado Investment Grade (quando as agências de risco recomendam o investimento em um país para o mercado mundial) entre 2008 e 2009. A avaliação é de que a movimentação anterior à avalanche financeira esperada abre uma série de oportunidades em diversos segmentos. E com a moda não será diferente.
Os investidores nacionais ou estrangeiros estão interessados em empresas com fluxo de caixa regular e um eficiente sistema de distribuição, que faça chegar rapidamente a mercadoria a vários pontos-de-venda ou com boa cobertura nacional. Neste momento, marca forte e design são valores considerados secundários, como benefícios colaterais da negociação; assim como passivos trabalhistas, tributários ou com fornecedores apenas derrubam o valor das empresas.
“O mercado investidor quer saber o volume que essa empresa é capaz de vender. O investidor não quer saber se ela assina o WGSN ou se desenvolve coleção que desfila nas duas principais semanas de moda do país; ou quem usa as roupas da marca. Isso, na verdade, não importa. A pergunta é: vende? Dá lucro? É capaz de ocupar espaço no mercado? Então, interessa”, resume Marcelo Prado, diretor do IEMI (Instituto de Estudos e Marketing Industrial).
Mudança de hábito
A estabilidade da economia brasileira tem atraído o interesse de empresas estrangeiras dispostas a participar diretamente no mercado, especialmente, do varejo, provocando a reação dos concorrentes instalados. Daí, a quantidade de notícias sobre IPO, abertura de capital para negociação de ações em bolsa como já faz a Renner e a Riachuelo e, mais recentemente a Lojas Marisa, tradicionais redes varejistas, que vão ao mercado buscar dinheiro para rapidamente por em prática planos de expansão.
Também pipocam neste cenário os aportes de capital para empresas da área de vestuário, em operações envolvendo fundos de investimento, quase sempre locais, que compram participação acionária e podem ou não se envolver diretamente na administração da empresa. Zoomp e Ellus foram as primeiras, seguidas de especulações sobre quais seriam os próximos alvos e de marcas anunciando disposição para negociar a venda.
Para participar do novo cenário, as empresas do setor terão que mudar a relação com o mercado. Quase sempre de administração familiar ou fortemente centralizada na figura do fundador, as empresas de moda não estão acostum