Indústria aplicou o maior reajuste mensal desde 2014, puxado por aumentos de insumos para produzir máscaras e itens hospitalares.
Desde outubro de 2019, a indústria de têxteis mantém a curva inflacionária. Mas, em maio, os preços de fábrica explodiram, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Subiram 4,36% sobre abril, conforme mostra a pesquisa mensal que mede o IPP (Índice de Preços ao Produtor). Foi o terceiro maior aumento registrado no mês entre as 24 atividades industriais pesquisadas. Ficou abaixo apenas da categoria de outros equipamentos de transporte (inclui motos, embarcações náuticas e aviões), que aumentou 4,57%. E do reajuste da indústria extrativista (9,13%).
Com essa variação, a indústria de produtos têxteis fez o maior aumento nos preços de fábricas desde, pelo menos, 2014. O IBGE relaciona o reajuste à pandemia de covid-19, com crescimento da produção de máscaras de proteção facial para a população em geral e para uso dos profissionais da saúde. Também para confecção de outros itens de vestuário de segurança hospitalar como toucas, capas para sapatos, aventais, roupas de cama. Os preços foram puxados sobretudo por TNT, elásticos, linhas e malhas.
Dessa forma, a inflação da indústria têxtil acumulada até maio soma 8,27% em relação aos cinco primeiros meses do ano passado. Sobre maio de 2019, os preços de fábrica subiram 8,57%, diz o IBGE.
IPP DE ROUPAS CAI EM MAIO
Já o IPP da indústria de confecção de vestuário registrou queda nos preços de fábrica em maio. E, assim, interrompeu dois meses consecutivos de alta, incluindo abril, com a maior parte do comércio de moda no país de portas fechadas. Caiu 0,63% em maio em relação ao mês anterior. A atividade ainda é influenciada pelo ‘look live’. Os itens com maior corte de preços foram calças e bermudas para o público masculino, mostra a pesquisa. O recuo só não foi mais profundo porque os tops femininos, de malha, ficaram mais caros.
O acumulado do ano em vestuário registra alta de 1,85%, uma das mais contidas entre as atividades industriais do país. Sobre maio de 2019, caiu 2,06%.
ALIMENTOS PUXAM INFLAÇÃO DA INDÚSTRIA
O IPP da indústria em geral correspondeu a aumento de 1,22%, uma aceleração e tanto sobre 0,11% de abril. Com alta de 2,47%, os preços dos alimentos respondem pela maior influência nos reajustes do setor. Outro fator de influência na composição do índice geral, o IPP de veículos subiu 1,80%. Além disso, o gerente da pesquisa do IBGE, Alexandre Brandão, em comunicado ao mercado, observa que a desaceleração na queda do preço do petróleo também ajudou a pressionar o índice em maio.
O acumulado de janeiro a maio do IPP geral representa alta de 3,37% em relação ao mesmo período do ano passado. Sobre abril de 2019, subiu 4,60%.