Em março, lojas de roupas e calçados foram as que mais sofreram devido à quarentena para conter a curva de contágio da covid-19.
A partir da segunda quinzena de março, o comércio de atividades que não foram consideradas essenciais teve lojas físicas fechadas. Adotado por várias cidades do país para conter a curva de contágio pela convid-19, o isolamento social abalou o varejo de moda. Lojas de roupas, calçados e tecidos registraram queda de42,2% em volume de vendas e de 42,3% na receita nominal, informa o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os dados constam da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje, 13 de maio.
Segundo o levantamento, o varejo de moda foi o que mais sofreu os efeitos da quarentena. O comércio geral enfrentou retração de 2,5% nas vendas e de 1% no faturamento. Segundo o IBGE, a queda foi puxada por seis das oito atividades monitoradas. “Só não foi mais intensa por causa de áreas consideradas essenciais durante o período de isolamento social”, destacou o relatório da pesquisa.
Nesta edição, a pesquisa foi acompanhada de uma sondagem sobre o impacto da covid-19 nos negócios do comércio. Apurou que, do total de 36,7 mil empresas da amostra, 14,5% indicam a pandemia como principal causa de variação das suas receitas no mês.
QUEDA CONTIDA POR HIPERMERCADOS
Duas atividades comerciais apresentaram alta em março. Estão entre os segmentos que puderam manter as lojas físicas abertas. O varejo de hipermercados e afins cresceu 14,6% em março sobre fevereiro. Lojas de artigos farmacêuticos, ortopédicos e de beleza também tiveram aumento, todavia em escala bem menor. As vendas subiram 1,3%.
“Vale lembrar que hipermercados vendem não apenas produtos alimentícios, mas também vestuário, móveis e eletrodomésticos. Isso faz com que essa atividade tenha sofrido um rebate para cima, porque parte desses produtos tiveram as vendas transferidas das lojas especializadas para hiper e supermercados”, anotou no comunicado o gerente da PMC, Cristiano Santos.
COMPARAÇÃO COM MARÇO DE 2019 E IMPACTO ACUMULADO NO ANO
É da mesma forma dramática a comparação com março de 2019 para o varejo de moda. O volume de vendas recuou 39,6% e a receita nominal retraiu 39,2%, mostra a pesquisa do IBGE. O comércio em geral assinalou queda de vendas de 1,2% e aumento de receita de 2,6% na mesma comparação.
Para moda, a retração anotada na segunda quinzena de março atingiu em cheio o acumulado do primeiro trimestre, que estava positivo até fevereiro. Os números de março fizeram o acumulado do ano cair 12,4% em volume e 11,5% em receita.
O recuo do comércio em geral em março não teve força para mudar a curva do acumulado do ano, que continua em alta. Acumula crescimento de 1,6% em volume e de 5,6% em receita em relação ao primeiro trimestre de 2019.
DESEMPENHO DE MODA NOS ESTADOS
Entre os 12 estados que são tratados como destaque na pesquisa mensal do IBGE, a queda nas vendas de moda foi generalizada em março. Apenas o varejo do Espírito Santo manteve variação positiva no mês, tendo crescido 20,9% em volume de vendas. Contudo, a receita nominal encolheu 28,6%. No mês, o varejo de moda gaúcho manteve a retração. Foi o que mais diminuiu. Recuou 52,9% em volume de vendas, com a receita caindo 52,6%.
Devido ao desempenho nos dois primeiros meses do ano, o acumulado do trimestre mostra alguma variação entre os estados. O varejo de moda cresceu 20,9% no Espírito Santo, em volume, mas caiu 1,5% em receita. Em Minas Gerais, o varejo de moda ficou estável sobre o primeiro trimestre de 2019. Apresentou ligeira variação positiva de 0,1% na receita nominal.
Para os outros dez estados que são destaque da pesquisa, o cenário é negativo para o varejo de moda. A maior queda acumulada continua no comércio do Rio Grande do Sul (-23,5% em volume; -22,1% em receita).
Veja a seguir o gráfico com a evolução das vendas do varejo de moda e compare com o desempenho do comércio em geral. Mais abaixo a tabela informa os indicadores de cada um dos 12 estados, de acordo com a pesquisa do IBGE.