Vicunha traça rotas da próxima década

Planos da empresa incluem expansão internacional e a construção do centro de inovação com lavanderia, confecção e treinamento.

Ricardo Steinbruch (à esquerda na foto), presidente do Conselho de Administração, ao lado de José Maurício D'Isep.
Ricardo Steinbruch (à esquerda na foto), presidente do Conselho de Administração, ao lado de José Maurício D’Isep.

Em meados do ano passado, e com o apoio de Ricardo Steinbruch, hoje presidente do conselho de administração da empresa, a Vicunha iniciou um amplo ciclo de transformação. O que era um projeto de rebranding se transformou em programa de imersão do qual participou a alta liderança da companhia. O objetivo foi traçar os rumos para fazer a transição de uma companhia com cultura predominantemente industrial para “uma empresa comercial que também produz”. A prioridade daqui para frente serão as demandas do cliente e do mercado. “Vamos atrás de resultados com o foco do cliente”, diz José Maurício D’Isep, que há um ano assumiu como CEO da Vicunha.

Isso significa incrementar a área de serviços e adotar uma nova forma de atender o mercado. O projeto de maior visibilidade nessa nova fase dentro do conceito one stop shop é a construção de um centro de inovação e ensino. A estrutura prevê salas de ensino, auditório e a operação de lavanderia-piloto.

O ciclo da nova década visa também expandir presença no mercado internacional. Os investimentos realizados a partir de 2009 tornaram a Vicunha a empresa mais internacionalizada do setor têxtil brasileiro. Além de fábricas na Argentina e no Equador, mantém escritórios de vendas e centros de distribuição no Peru, na Colômbia, no México, na Holanda e no Sri Lanka. Hoje, as vendas internacionais representam 35%. “E temos uma meta de ser 50/50”, afirma o CEO. Para isso, não descarta o investimento na compra de indústrias no exterior.

Outra iniciativa é passar a lançar produtos mais vezes ao longo do ano, sem concentrar as novidades em dois lançamentos anuais.

ENTREVISTA NA ÍNTEGRA

Essa entrevista marca a estreia do GBL Brands. É uma nova área do GBLjeans que cria e veicula conteúdo inteligente de marca. Nessa primeira ação, o conteúdo patrocinado foi produzido em parceria com a Vicunha.

A partir deste ponto, você passa a ler na íntegra a entrevista com José Maurício D’Isep.

GBL Brands: A última década foi de grandes mudanças para a Vicunha. Que Vicunha veremos na próxima década?

JOSÉ MAURÍCIO D’ISEP: Nesses últimos dois anos a Vicunha se propôs a fazer uma imersão na sua cultura. Uma empresa de 52 anos, de muita história. Com todo o trabalho que foi feito na última década, chegamos ao final de 2018 com a necessidade de fazer essa imersão na cultura e pensar a Vicunha nos próximos dez anos. Esse foi um trabalho feito com executivos da empresa junto com a consultoria Thymus. Nisso a gente revisitou nossa crença, nossos propósitos e os nossos princípios.

‘Por que a Vicunha existe? Por que os funcionários vêm para cá? Qual é o nosso propósito?’ Chegamos à conclusão que é estimular a cultura do jeanswear. Porque hoje esse é nosso core business. Nos propomos a disseminar e aportar soluções para os clientes e para o consumidor final, de modo que ele encontre a sua forma, o seu estilo de jeans. Daí vem uma expressão que estamos utilizando que se chama Jeansidentity, que é a identidade no jeans. Então, quando olhamos hoje o consumidor, estamos dizendo o seguinte: queremos provocar toda cadeia para que cada indivíduo possa encontrar o seu jeito, o seu estilo de se vestir dentro do jeanswear.

A partir dessa visão vem a base da mudança que eu comentei de a Vicunha não ser percebida como uma indústria que vende, mas ser percebida como uma empresa comercial que também produz.

“VAMOS VER A VICUNHA DAQUI A DEZ ANOS MAIS INTERNACIONAL, COM A CONSOLIDAÇÃO NA AMÉRICA LATINA, E UM AUMENTO DE PARTICIPAÇÃO NA EUROPA”, AFIRMA O CEO

GBL Brands: Como a empresa vai mudar a forma de se reportar ao mercado?

JOSÉ MAURÍCIO D’ISEP: Temos que apresentar serviços. O que vai diferenciar a Vicunha dos demais não é simplesmente o produto. Porque produto, tem muita gente que copia. Você lança um produto e, três meses, seis meses depois, esse produto está copiado. Mas o jeito de vender, o jeito de atender, ninguém copia.

É uma evolução na forma de atender o mercado. Estamos falando de uma expressão chamada de one stop shop. Toda vez que alguém pensar em jeans, pense na Vicunha. Se você quer desenvolver sua coleção ou se você é um designer, venha até aqui ou procure um profissional da Vicunha. Se está com dificuldade em lavanderia, procure a Vicunha. Para isso, vamos ter a V. Academy, destinada à formação de profissionais, sejam internos, sejam dos nossos clientes.

GBL Brands: Será só para lavanderia?

JOSÉ MAURÍCIO D’ISEP: A ideia nasce com lavanderia. Mas quando você fala em academia, você está falando até em dar aula de finanças. Eu tenho uma força de vendas, só no Brasil de mais de cem representantes, e queremos que eles sejam consultores. Não é só entender de produto – tem que entender de lavanderia, de finanças, etc. E infelizmente, não tem hoje no Brasil um centro acadêmico voltado de forma completa para formar pessoas no têxtil. Então, estamos nos propondo a criar essa academia que, num primeiro momento tem a intenção de formar a equipe interna, e dos nossos clientes.

A mudança é muito importante quando você vira para a área comercial porque você tem que ser diferente dos demais.

GBL Brands: Como o one stop shop vai funcionar na prática?

JOSÉ MAURÍCIO D’ISEP: Isso quer dizer que abrimos um leque de serviços para oferecer, como consultoria em lavanderia e tendências. Assistência técnica, por exemplo, é outra solução. Qualquer problema de tecido, temos assistentes técnicos à disposição de nossos clientes. Crédito também é serviço – quantos clientes nasceram pelo crédito da Vicunha e que hoje são grandes confeccionistas?

GBL Brands: A proposta é aumentar a frequência de compras dos que já são clientes? Ou é atender clientes de empresas menores?

JOSÉ MAURÍCIO D’ISEP: Quando você cria um local aonde pode receber seu cliente, seja num showroom como esse (na sede da empresa na capital paulista), ou em um showroom em Buenos Aires, em Quito, na Colômbia, no México, na Holanda, você cria um ambiente de discussão do jeanswear. Sempre que se tem uma conversa em um ambiente com gente formada no segmento, as soluções aparecem. Imagina eu levar clientes para nossa Academia com máquinas de lavanderia, modernas e atuais usadas no Brasil, e do outro lado máquinas futuristas que vão mexer com menos água, menos produto químico. Você cria um ambiente de criação, de inovação. Ou seja, você provoca o mercado. A Vicunha está se propondo a isso.

GBL Brands: Ao final da década qual será o perfil da Vicunha?

JOSÉ MAURÍCIO D’ISEP: Vamos ver a Vicunha daqui a dez anos mais internacional, com a consolidação na América Latina, e um aumento de participação na Europa. Além de ver uma empresa com um processo de sucessão muito bem-feito, de continuidade de sucessão e de profissionalização.

GBL Brands: Previsão de mais investimentos industriais na década?

JOSÉ MAURÍCIO D’ISEP: Fábrica têxtil é um capital intensivo. Você tem que investir sempre. A gente vem mantendo o investimento no patamar da depreciação desses ativos. No ano passado, modernizamos nosso maquinário, atualizando os teares para modelos mais largos e rápidos, com o objetivo de ganhar agilidade na produção e atender à demanda do mercado por produtos com mais stretch.

Nós estamos preparados para aumentar, se a gente quiser e se tiver mercado, mais 2 milhões de metros por mês no Brasil. Temos espaço e infra montada para instalar isso.

GBL Brands: Hoje qual é a produção da Vicunha?

JOSÉ MAURÍCIO D’ISEP: Próxima a 20 milhões de metros/mês.

 

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