Com tecnologia de fibra têxtil à base de algas, biotech está entre os 20 finalistas selecionados.
A H&M Foundation anunciou os 20 finalistas do prêmio Global Change Award de 2023, entre os quais está a brasileira Phycolabs, biotech que desenvolveu tecnologia para produzir fibra têxtil a partir de um tipo de algas muito comum no mar do nordeste brasileiro. As startups vencedoras serão divulgadas em 8 de junho.
Fundada em 2022, a brasileira Phycolabs tem origem no trabalho de pesquisa da estilista Thamires Pontes com algas marinhas vermelhas do tipo Rodophyta. Delas é extraído o polímero ágar, que dá origem a fios que se assemelham ao náilon ou ao poliéster. Ao GBLjeans, Thamires afirmou que a fibra têxtil de alga permite a combinação com outras como algodão ou cânhamo.
Conforme a empresa, que recebeu aporte de investidores no ano passado, “o cultivo de algas marinhas não usa terras agricultáveis, nem pesticidas, sequestra carbono, reduz a poluição das águas costeiras e melhora a biodiversidade”.
OS FINALISTAS
Além da brasileira Phycolabs, os 20 finalistas de 2023 anunciados pelo Global Change Award, concedido pela H&M Foundation, incluem seis startups do Reino Unido, seis dos Estados Unidos, duas da Suécia, duas da Índia, uma da Alemanha, uma do Quênia, uma do Canadá. Essas empresas foram distribuídas por quatro categorias: materiais, produção, reciclagem e design. Confira os finalistas por categoria.
MATERIAIS
:: Algreen (Reino Unido): desenvolveu poliuretano de base biológica, reciclável e biodegradável.
:: ALT TEX (Canadá): desenvolveu fibra de poliéster usando resíduos de alimentos.
:: Arda Biomaterials (Reino Unido): usando resíduos gerados pela indústria cervejeira para desenvolver material alternativo ao couro.
:: Bylon (EUA): a fibra de alto desempenho desenvolvida pelo Sci-Lume Labs converte carbono de base biológica em fibra biodegradável em alternativa às sintéticas.
:: Nano Textile Solutions (Suécia): usa de nanotecnologia para produzir dispositivos vestíveis, que integrados a roupas e sapatos de modo que quando acionados permitem o ajuste a diferentes tamanhos.
:: KBCols Sciences (Índia): fabrica corantes a partir de micro-organismos vivos.
:: Nanoloom (Reino Unido): têxteis de alto desempenho, baseados em grafeno e biomimética, que são biodegradáveis, recicláveis, leves, fortes, elásticos e à prova d’água.
:: Oceanium (Reino Unido): desenvolveu fibra à base de algas que pode ser aplicada em têxteis, vestuário, embalagens entre outros usos.
:: Phycolabas (Brasil): fibra têxtil brasileira à base de algas marinhas vermelhas abundantes na região nordeste.
:: Radiant Matter (Reino Unido): materiais têxteis alternativos e desenvolvidos voltados à moda circular, como biolantejoulas, já usados, por exemplo, pela estilista Stella McCartney.
:: Rethread Africa (Quênia): startup de biomateriais que está desenvolvendo tecnologia para transformar resíduos agrícolas em tecido têxtil biodegradável.
:: Spintex (Reino Unido): produz fio à base de proteína e que replica as teias feitas pelas aranhas, usando pouca energia elétrica e produtos químicos mínimos.
PRODUÇÃO
:: Eclean: (EUA): desenvolveu tecnologia de limpeza por dióxido de carbono para limpar fibras naturais cruas, como algodão e lã, economizando substancialmente o volume de água no processo.
:: ColourIzd (EUA): tecnologia para colorir feixe de fios celulósicos em processo contínuo.
RECICLAGEM
:: DyeRecycle (Reino Unido): tecnologia que aborda a circularidade química na indústria da moda por meio de tingimento circular usando corantes reciclados e a descoloração de fibras residuais têxteis.
:: Refiberd (EUA): desenvolveu um sistema de classificação têxtil baseado em inteligência artificial e espectroscopia, capaz de especificar a composição de roupas pós-consumo com precisão acima de 90%.
:: Reti Ecotech (Índia): primeira empresa na Índia a converter resíduos têxteis em paineis para uso na construção civil.
:: Reverse.fashion (Alemanha): desenvolveu máquina que faz a classificação de têxteis, de maneira automática e inteligente. Usa inteligência artificial; espectroscopia de alta resolução treinada para encontrar tecidos que contenham substâncias perigosas para tirar essas roupas do circuito; e RFID.
:: ShareTex (Suécia): visa a reciclagem de resíduos têxteis celulósicos, independentemente das propriedades do material de origem. As sobras que não podem ser transformadas em novos têxteis são reprocessadas como açúcar empregado na produção de bioquímicos.
:: Tereform (EUA): plataforma para reciclagem de têxtil-a-têxtil para poliésteres.
DESIGN
:: SXD (EUA): Shelly Xu Design é uma plataforma que usa software para projetar roupas a partir de sobras de tecidos, que venda na plataforma. Depois de projetadas as peças são confeccionadas por oficinas em locais chamados de ‘refugiados climáticos’ como Bangladesh.
foto: PhycoLabs