O algodão em laboratório da Galy recebeu a verba máxima; também foram premiados Werewool, TextileGenesis, SeaChange e Fairbrics.
A edição de 2020 do Global Change Award anunciou os cinco projetos vencedores. Em primeiro lugar ficou o projeto de algodão cultivado em laboratório, proposta da Galy, uma empresa de brasileiros com sede nos Estados Unidos. Concedida pela H&M Foundation, a premiação dividiu € 1 milhão entre os escolhidos. O prêmio máximo de € 300 mil foi destinado à Galy, que desenvolveu técnicas para substituir o método convencional de plantação de campos de algodão.
Segundo a empresa, o método usa biotecnologia para plantar algodão em laboratório. O processo dispensa uso de terra e pesticidas; requer bem menos água (80% menos, garante a Galy). E menos espaço, cerca de mil metros quadrados seriam suficientes para uma plantação tradicional que ocuparia 2 milhões de metros quadrados (200 hectares), afirma descrição da empresa. Destaca, ainda, que o preço final do algodão de laboratório seria o mesmo do convencional.
OUTROS PROJETOS PREMIADOS
Também dos Estados Unidos, a Werewool levou o prêmio de € 250 mil com o projeto que produz fibras derivadas de proteínas encontradas em organismos do mar, como corais, ostras, água-viva e tartarugas. Também poderia usar proteínas do leite de vaca. O tecido que resulta dessas fibras assume cores naturais, apresenta elasticidade e assume propriedades funcionais como repelência à agua, sem necessidade de outros tipos de processamento, diz a empresa.
Os demais três projetos receberam € 150 mil cada um. Outra proposta de startup dos Estados Unidos é a Zero Lodo. Usa tecnologia para separar e limpar águas residuais que sobram de processos produtivos industriais, eliminando o lodo tóxico que dever ser encaminhado para aterros sanitários. Segundo a SeaChange Technologies, a solução desenvolvida conecta um dispositivo inteligente e poderoso a sistemas de tratamento já existentes. A separação das águas residuais e das toxinas do lodo é feita por meio de uma turbina a jato.
O lodo vira pó seco, e puro, mais fácil de gerenciar, afirma a empresa. A água limpa é transformada em névoa que pode ser então descartada no meio ambiente ou ser reutilizada.
Da Índia veio o projeto de linhas de rastreamento de fibras ao vestuário a partir do emprego de tecnologia blockchain. De acordo com a TextileGenesis, um fibercoin digital (tipo token digital) garantiria transparência e confiabilidade desde a linha de produção até o varejo. O sistema permitiria rastrear desde fibras de poliéster e viscose, recicladas ou sustentáveis.
O projeto da França propõe converter gases de efeito estufa em poliéster sustentável. A inovação da Airwear da Fairbrics coleta os gases, ativa e transforma em bolas de poliéster. A partir delas criaria um tecido de poliéster sustentável que se parece com um poliéster comum derivado do petróleo.
QUINTO ANO DO PRÊMIO
A edição de 2020 é o quinto ano do prêmio criado pela H&M Foundation. Para essa rodada, foram feitas 5.893 inscrições de propostas de 175 países. Além do dinheiro, os vencedores são encaminhados para um programa de aceleração com duração de um ano. Essa consultoria é realizada e parceria com a Accenture e o KTH Royal Institute of Technology.