Comitê internacional alerta para os impactos das alterações, ainda em fase de definição, sobre o mercado.
No início da semana, o comitê consultivo internacional do algodão divulgou alerta sobre as mudanças recentemente anunciadas pelos governos da China e dos Estados Unidos em suas políticas agrícolas, que envolvem também o algodão. Segundo especialistas, ainda é cedo para dimensionar o impacto real das novas políticas sobre o mercado. Enquanto as mudanças a serem aplicadas pelos Estados Unidos serão observadas de muito perto pelo governo brasileiro, ainda às voltas com a disputa no âmbito da OMC (Organização Mundial para o Comércio), a da China poderá beneficiar os países exportadores de algodão.
A nova lei agrícola americana (Farm Bill) assinada no mês passado pelo presidente Barack Obama é a mais polêmica e poderá afetar os negócios brasileiros de algodão, agravando a disputa comercial entre os dois países. Ao mesmo tempo, que o governo reduziu o volume de subsídios concedidos aos produtores da fibra naquele país, criou um mecanismo de defesa na forma de um programa de seguro às lavouras, o chamado Stax (Stacked Income Protection Plan). Ainda faltam detalhes de como vai funcionar, mas, a imprensa especializada aponta que o novo sistema foi concebido para cobrir de 70% a 90% das perdas dos agricultores em geral, incluindo os cotonicultores. A cautela com que foi recebida a nova política americana tem a ver com o temor de que as vantagens embutidas neste programa contribuam para o aumento da oferta da fibra com a conseqüente redução no preço do algodão.
Também o governo chinês anunciou que irá reavaliar os subsídios que concede as plantadores de algodão e de soja. No caso do algodão, a experiência estará restrita à província de Xinjiang, que a agência Reuters estima produzir em média 60% de todo o algodão da China. Nessa região, que terá a área de plantio reduzido na próxima safra, o polêmico programa de estocagem do país será suspenso e os subsídios revistos. Faltam detalhes de como as mudanças serão implementadas, mas, a China acenou com a disposição de trabalhar com um preço-referência, que leve em consideração o preço interno que, nos últimos anos, tem sido empurrado para cima, e a cotação internacional.