Mercado global de moda ainda instável em 2017

Levantamento da consultoria McKinsey mostra que mudanças no comportamento do consumidor, agora mais conectado, tem impacto nas receitas das marcas.

A instabilidade política e econômica mundial fez do ano de 2016 um dos mais difíceis da história da moda, segundo um estudo da consultoria McKinsey & Company. O setor encerrou o ano passado com crescimento entre 2% e 2,5%, menos da metade dos índices registrados entre 2005 e 2015. De acordo com estimativas da consultoria, 2017 será um ano de recuperação, embora modesta, com aumento entre 2,5% a 3,5% na receita, avaliada em US$ 2,4 trilhões.

Segundo a McKinsey, a retomada do crescimento será impulsionada pelo reaquecimento da economia global. O quadro terá reflexo no Brasil, mas em ritmo mais lento, já que o fim da crise econômica no país não pode ser vislumbrado em um horizonte imediato, avalia a consultoria. A expansão terá índices diversos conforme o segmento.

De acordo com o estudo, a categoria de roupas esportivas deve fechar 2017 com expansão entre 6,5% e 7,5%. Já bolsas e malas, entre 4% e 5%. O segmento de relógios e jóias vem na seqüência, com expansão estimada entre 3% e 3,5%. A área de roupas e calçados deve crescer entre 1,5% e 2,5% em 2017.

MARCAS MAIS LUCRATIVAS
O estudo da McKinsey detalha a contribuição da moda para a economia mundial, com lucro médio de 8% ao ano entre 2005 e 2015. Poucas empresas dividem a maior parte desse bolo. As marcas mais lucrativas do setor são: Adidas, Burberry, Chow Tai Fook, Richemont, Fast Retailing, Hermès, H&M, Inditex, L Brands, Luxottica, LVMH, M&S, Michael Kors, Next, Nike, Nordstrom, Pandora, Prada, Ralph Lauren e TJX.

Nem todos os fatores que prejudicaram o mercado de moda em 2016 foram dissipados. A volatilidade dos quadros político e econômico globais e as incertezas sobre o crescimento chinês são as grandes incógnitas de 2017. Segundo o levantamento, a mudança no estilo de vida dos consumidores e os avanços tecnológicos também trazem efeitos imprevisíveis, fazendo com que a indústria tenha que se reinventar.

Outro fator de impacto é a urbanização nos países em desenvolvimento: uma nova classe de cidades ricas, sobretudo na Ásia e no Oriente Médio, se tornará central para a evolução da moda, diz a McKinsey. O consumidor, mais conectado e sofisticado, não espera para ter o que quer. Como resultado, o fast fashion chegou ao segmento de luxo e grifes como Burberry, Tom Ford e Tommy Hilfiger passaram a disponibilizar para compra suas coleções imediatamente após os desfiles.