Objetivo é ampliar o consumo interno para 1 milhão de toneladas, atraindo indústrias têxteis globais para o país.

Em acordo de intenções para ampliar o consumo interno do algodão cultivado no Brasil, a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) e a Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) discutem ações para atingir um novo patamar de 1 milhão de toneladas por ano. Entre as iniciativas, a Abit articula um projeto de expansão que passa por atrair indústrias estrangeiras para se instalarem no país para transformar mais algodão localmente, como fiações ou outros fornecedores de matérias-primas para o setor têxtil.
Atualmente, o consumo interno têxtil gira em torno de 700 mil toneladas de algodão cultivado no Brasil. Os outros cerca de 3 milhões de toneladas são exportados. A meta tratada no acordo seria de elevar o consumo interno no Brasil para 1 milhão de toneladas de algodão nos próximos sete a oito anos, disse Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Abit em apresentação à imprensa. O modelo seria de uma base produtiva com vocação exportadora e de substituição de importação.
Ele explica que a iniciativa é complexa e passa pelo envolvimento de políticas públicas com participação do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), da ApexBrasil e dentro da agenda da Nova Indústria Brasil (NIB). “Queremos agregar valor ao algodão que já produzimos aqui. Se vamos ter êxito, só o tempo dirá”, completou.
MERCADO INTERNO
A iniciativa acompanha um momento de previsão positiva para o setor, a despeito do tarifaço imposto ao Brasil pelo governo Trump. De acordo com projeção da Abit, o setor pode atingir crescimento de 3,1% no volume de produção em 2025. Seria puxado por alta de 6% na produção de têxteis e de 1% em vestuário. Pimentel explicou que a diferença de desempenho deriva das aplicações têxteis que estão mais fortes. Atualmente, vestuário de moda absorve de 50% a 60% da produção local.
Entre as outras aplicações têxteis estão itens para casa, setor automobilístico, setor hospitalar, fabricação de colchões, produtos de higiene e limpeza, têxteis técnicos, além de não-tecidos.
No entanto, para 2026, a Abit prevê alta mais contida. Com crescimento de produção projetado de 1,2%, influenciado pela expansão de 1,9% nos têxteis e de 0,7% no vestuário.