Produção não é maior porque falta matéria-prima, adiando inovações mais robustas na sarja.
Depois do período excessivamente cinza imposto pela pandemia de covid-19, os especialistas de moda preveem o mercado se alegrar com as cores. Não por acaso, portanto, apontam que aumenta a demanda por jeans colorido. O novo ciclo da sarja, ou denim color, tem sido impulsionado, também,
por outros fatores além da moda.O dólar alto e o aumento no custo dos fretes travaram as importações brasileiras de calças e bermudas coloridas, sobretudo para o masculino. A substituição de importação aumentou a demanda interna.
Alguns fabricantes de sarja nacionais também registram aumento de exportação, como a Santanense, aponta Eleonora França, gerente de marketing da companhia que produz a plena carga.
A estimativa do Iemi – Inteligência de Mercado indica crescimento para sarja de 6,4% em volume produzido.
“Ainda assim, não ultrapassará 2019”, pondera Marcelo Prado, diretor do Iemi. Mas compensa a queda de 3,2% estimada pela empresa para a sarja em 2020.
No ano passado, o Iemi avalia que o mercado brasileiro girou 373 milhões de metros lineares de sarja. O cálculo do Iemi inclui a sarja destinada a moda, roupas profissionais, decoração, cama e mesa.
Prado acrescenta que o mercado de sarja caiu menos que o de denim. O Iemi calcula queda entre 8% e 9% para o denim.
TRÊS FABRICANTES
Vicunha, Santanense e Santista confirmam que desde agosto de 2020 aumenta a demanda por jeans colorido no Brasil.

“A sarja vem crescendo já há alguns anos e este ano deve ficar em torno de 20% acima em relação a 2020, no nosso caso muito mais focado no segmento de moda e o fashion workwear”, destacou Andrea Fernandes, gerente de marketing da Vicunha. Sem informar valores, ela afirma que a Vicunha opera com a capacidade total em sarja.

Eleonora, da Santanense, informa que a demanda para a empresa começou a subir em julho do ano passado, e tem se mantido aquecida. Caso a cadeia de fornecimento volte ao normal, a empresa poderia aumentar a produção para 6 milhões de metros por mês de sarja, explica a executiva.
Fabricante exclusiva de sarja, a Santanense opera com roupas profissionais representando 70% da produção e a moda sustentando os outros 30%.

A mesma participação percentual entre os dois segmentos se repete na Santista Jeanswear. Conforme Luís Ogasawa, gerente de marketing e produtos da empresa, o aumento de demanda por sarja teve início desde agosto do ano passado.
Ogasawa não comenta volumes de produção ou investimentos específicos para a linha. O gerente diz que a Santista prepara uma nova rodada de investimento ainda neste segundo semestre do ano. “E impacta nas sarjas também”, acrescenta, sem dar detalhes.
INOVAÇÕES
A Vicunha prepara dois lançamentos de sarja para o segundo semestre com novidades na área de acabamento.
Da mesma forma, a Santanense testa novos materiais na parte de acabamento e uso de algodão desfibrado na produção.
Etapa crucial da produção, inovações no tingimento são mais complexas de serem implementadas.
“Estamos testando processos ainda mais sustentáveis e de menor impacto ambiental”, comenta Ogasawa, da Santista.
Na parte de tingimento sustentável, a Vicunha destaca o denim color Pantanal, lançado em novembro de 2020 e ainda em linha. O tecido recebe tingimento Earth Colors, “à base de corantes sintetizados a partir de sobras agrícolas não comestíveis, normalmente enviados para aterros, como folhas de palmeiras do palmito, cascas de nozes, extração de ervas, como alecrim, além de frutos, substituindo as matérias primas, tradicionais à base de petróleo, utilizadas para sintetizar os corantes”, explica a empresa.