Novo ciclo de investimentos que começou este ano deverá contemplar sobretudo fiação e parte em acabamento até 2023.
O plano de investimentos de renovação do parque industrial da Cedro Têxtil começou em 2019 e será concluído em 2023. A prioridade é a área de fiação, com vistas a aumento de produção de fios. Outro projeto é ampliar a capacidade de acabamento da unidade de Pirapora, conta Marco Antônio Branquinho Júnior, diretor-presidente da companhia. Os desembolsos com a fiação visam ampliar ainda mais a oferta de tecidos elastizados, mediante a substituição de parte do parque instalado.
“Nós temos uma média boa de idade no parque. Mas com algumas pontas. Tenho uma fiação de cinco anos e outra de 20 anos. E a diferença de desempenho entre as duas é fenomenal. Atuar nessas pontas que estão acima da nossa idade média representa oportunidade boa de recursos”, avalia o executivo. Na visão dele, a modernização trará vantagens tanto para o mix de produtos, quanto para reduzir custos. “Não vejo sentido hoje em aumentar capacidade de produção de tecidos”, afirma.
No caso do acabamento, a Cedro prevê implantar novos recursos em Pirapora. “Para que eu não tenha que continuar desviando recursos para o nosso acabamento de colorido em Sete Lagoas que é da área profissional”, explica Branquinho. Ele entende que o denim vai exigir cada vez mais acabamentos que eram tipicamente dos coloridos, como controle de largura e de skill, amaciamento, mercerização, entre outros.
ESTOQUES SOB CONTROLE E SINAIS DE MELHORA
Diante dos sinais de melhora de vendas a partir do segundo semestre, a Cedro avalia rever o plano de produção, que era para ter começado a desacelerar em novembro e aconteceu o contrário, explica Branquinho. “A Cedro tem a filosofia de não produzir para estoque, por conta do modelo de capital de giro da companhia”, salienta o executivo. E, assim, deverá continuar a produzir numa fase do ano em que geralmente a produção cai, e que boa parte dos concorrentes estão estocados.
Segundo ele, o mercado começou a retomar a antecipação de pedidos. “Esse prazo já não está tão curto”, afirma. Ele acredita que em 2020 seja possível realizar as expectativas traçadas para 2019. Se as vendas dão sinais de melhora, ainda que lentos, o presidente da Cedro não enxerga espaço no mercado para repasses de preços, que continuarão represados. Para o setor de denim em particular, ele cita os fortes de aumentos do preço de algodão a partir do segundo semestre de 2018 e que só foram cair em julho; e de produtos químicos, especialmente corantes, por conta da queda de oferta do insumo. Custos que a indústria não conseguiu repassar integralmente em função do mercado interno, marcado pela briga de preços e estoque altos.
AUMENTO DO DENIM ELASTIZADO E PRIMEIRO MOLETOM
Os investimentos de 2019 ficaram localizados à tecelagem, com troca de teares para colocar no mercado tecidos elastizados de maior largura. “Nosso maior desafio dentro da companhia é aumentar a oferta desses produtos. As mudanças industriais que vamos fazer nos próximos anos é exatamente nesse sentido, de aumentar a disponibilidade desses produtos”, garante Branquinho. Ele avalia ter ainda boas oportunidades de vendas para esses produtos nos segmentos masculino, infantil e plus size.
Por isso, a nova coleção Corpo destacou o lançamento dos três artigos da linha Duo – Volpi, Ventura e Lira. “Esses lançamentos representaram um passo à frente com novas construções, novos desenhos de flamês, novos pesos, larguras maiores. Do ponto de vista de modelagens, outras aplicações que não só as skinnies”, comenta Joana Carrara, estilista da Cedro.
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Os outros seis lançamentos incluem novidades como o Bronx, denim de 8,6oz que combina 12% de viscose a 86% de algodão e 2% de elastano, com peso de 8,6oz. De aspecto flat, dá para fazer rasgos e puídos, assegura Joana. A Cedro estreia em denim moletom com o Saville, de 8,1oz. A recomendação é para trabalhar o fundo. “Por isso, cuidamos do tingimento para dar lavanderia”, ressalta a estilista. E evitar processos agressivos, como rasgos, que podem romper os fios de trama ou de urdume, e os puídos que podem deixar ‘bolinhas’ na peça, aspecto rejeitado pelos consumidores, ensina.
A coleção ganhou ainda um 100% algodão, o Kimani, de 10,2oz, e acrescentou dois tecidos de camisaria, ambos leves. O Mira mistura algodão, poliéster e elastano, em base de 5,4oz. Já o Nasus é rígido, com algodão e poliéster feito com fio reciclado de garrafa PET, que entra no lugar do Thor. Tem peso de 5,8oz. O Minsk é considerado o mais comercial por ser um básico de 97% algodão e 3% elastano, com 1,57 metro de largura e peso de 9,8oz.