China quer ampliar pauta de exportação

Para facilitar negociações, fábricas ofereciam condições especiais de compra para empresas brasileiras na feira organizada em São Paulo, e que atraiu reação de empresários e organizações sindicais.

Com a demanda européia e americana em declínio, os chineses buscam ampliar as exportações de têxteis e vestuário para outros países, e o Brasil é um dos destinos avaliados. Por isso, a China organizou a feira GoTex com 340 expositores interessados em fazer negócios com lojistas e marcas brasileiros. Para facilitar as negociações, muitos desses fornecedores ofereciam condições especiais, como redução no tamanho de pedidos e partidas piloto. Foi o caso da Guangzhou Light Holdings Stationey.

Com capacidade para produzir 100 mil peças por mês, a fábrica chinesa de jeans apresentou itens para mulheres e homens, entre calças, bermudas e shorts, feitos em denim e outra parte menor em sarja. Interessada em vender para pequenos e médios lojistas que incluem produtos da própria marca no mix, a fábrica estabeleceu pedido mínimo de 500 peças para calças, mil peças para shorts e 800 peças para os coloridos (podendo incluir diferentes cores). Essa é uma condição especial para brasileiros, informou a empresa ao GBLjeans. Geralmente, exige 800 peças por cada cor disponível.

De maneira geral, a oferta de jeans na GoTex não foi grande, com calças, bermudas em sarja xadrez para homens, shorts e camisas em denim. Calça feminina jeans, lavada e com aviamentos em metal, girava em torno de US$ 9 (preço FOB, isto é, antes dos impostos). Internada, custaria ao lojista algo entre R$ 30,00 e R$ 35,00, dependendo do valor do dólar. Prazo de produção estimado pela maioria das fábricas gira em torno de 60 dias, mais previsão de 30 dias de transporte, e pagamento de 50% do valor no ato do pedido.

Feira interrompida
Conforme o prometido, entidades empresariais e sindicais do setor foram para a porta da GoTex no primeiro dia da feira a fim de protestar contra a realização do evento. Manifestantes da Força Sindical caracterizados de chineses empunhavam cartazes que diziam Nossos produtos são piratas e subfaturados. Bloquearam a entrada principal do Palácio das Convenções do Anhembi, rasgaram painéis e atrasaram a abertura do evento em quase duas horas. Oficialmente, os chineses comentaram o assunto em nota na semana anterior ao evento e só.

A reação mais contundente partiu do presidente da Abravest (Associação Brasileira do Vestuário), Roberto Chaddad, que pediu desculpas às empresas chinesas pela manifestação durante a cerimônia de abertura oficial da feira. “Juro por Deus que não sei qual é a finalidade desse movimento”, afirmou. Segundo ele, com carga de impostos de 41% que incide sobre os produtos do setor, o “custo tributário é o que arrebenta a indústria brasileira, não a China”. Aproveitou para alfinetar as entidades, sugerindo que se o movimento quer resposta que “vá buscar em Brasília onde se reúnem semanalmente com representantes do governo”.

US$ 2,67 bilhões em vendas
De janeiro a agosto, a China vendeu ao Brasil US$ 2,67 bilhões em têxteis e vestuário, de acordo com dados divulgados por Wan Yu, vice presidente da China Chamber of Commerce for Import and Export of Textiles & Apparels. No período, a corrente de comércio total entre os dois países somou US$ 56,1 bilhões, dos quais US$ 31,8 bilhões em exportações brasileiras e US$ 24,3 bilhões em importações. Segundo Wang Qinguan, conselheiro econômico comercial da China no Brasil, em 2012, a China foi o maior fornecedor de produtos têxteis para o Brasil exportando US$ 3,32 bilhões, aumento de 14,1% ante 2011. “Esse montante equivale a 50,33% das importações de têxteis e vestuário do Brasil”, afirmou. Em contrapartida, no ano passado, a China importou do Brasil US$ 900 milhões, em têxteis naturais e sintéticos.

No evento de abertura da feira, os representantes chineses insistiram que a aproximação representa oportunidade de negócios no setor para os dois países. Ressaltaram que a China tem 1,3 bilhão de pessoas e um grande mercado de vestuário e têxtil. “Com o rápido desenvolvimento econômico, o consumo desses produtos tende a crescer”, observou em palestra Wan Yu. Ele apontou que de janeiro a agosto, a venda de bens de consumo no mercado interno chinês gerou US$ 112,3 bilhões, dos quais só vestuário contribuiu com US$ 81,3 bilhões, aumento de cerca de 12%, sugerindo que os brasileiros façam investimento de marca para disputar o mercado de lá.

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