Enquanto parte do mercado internacional avança para a fase de certificação, as empresas brasileiras avaliam o modelo mais viável economicamente para produzir tecido e roupas
No momento em que o mundo discute alternativas sustentáveis de avanço econômico, o jeans orgânico desequilibra a conversa, porque expõe as ambigüidades do processo. Métodos orgânicos de produção, por si só, não determinam a qualidade do produto. Representam uma forma diferente da atual de produzir o mesmo item, dirigido a consumidores que valorizam a iniciativa, seja pelo que tem de solidário ao privilegiar produtos que contenham fibras originadas de pequenas plantações em áreas carentes, seja pelo apelo ecológico, por modismo, ou por todas essas razões combinadas.
Consumidores que vão pagar mais caro por essa opção em função de uma série de variáveis. A começar do descompasso entre a oferta de algodão orgânico, o insumo básico desse processo, e a demanda, que tem inviabilizado o avanço de projetos, como expõe a nova série de reportagens do Canal Especial. Embora a produção mundial seja pequena, a dos países da América do Sul juntos não chega a 2% do total. Por isso, a organização Organic Exchange organiza um seminário, no próximo ano, em São Paulo, para discutir formas de aumentar a produção.
Os analistas esperam que a questão ganhe impulso com a proximidade de 2009, escolhido pela FAO (o organismo das Organização das Naões Unidas para Agricultura e Alimentação) como o ano das Fibras Naturais. Com o aumento do consumo de insumos como algodão, lã e seda, a ONU espera melhorar a qualidade de vida de camadas da população de países subdesenvolvidos que dependem da produção desse tipo de fibra para sobreviver.
A abordagem desta edição não está focada em produtos ou tendências, a proposta é acompanhar as discussões de como criar um modelo brasileiro de produção orgânica bem sucedido para o jeans.
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