O sistema opera com apenas 20% de sua capacidade
O Departamento Hidroviário da Secretaria Estadual de Transportes de São Paulo de São Paulo assinou, este mês, um acordo com a Marinha do Brasil envolvendo verba de R$ 120 mil, a ser aplicada num período experimental de seis meses durante o qual a força armada ajudará a fiscalizar os portos fluviais. A Capitania Fluvial do Tietê – Paraná terá o auxilio da Marinha para fiscalizar as normas operacionais, visando assim aumentar a segurança na hidrovia.
A medida é parte do esforço do estado no sentido de aumentar o uso da Hidrovia Tietê – Paraná como rota de transporte de mercadorias. Outra iniciativa com o mesmo propósito envolveu o encontro entre representantes da recém-criada Frente Parlamentar das Hidrovias e da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na sede da entidade, na semana passada.
A hidrovia Tietê-Paraná não é a maior do país, mas tem grande importância econômica. Em seu entorno, concentra-se a produção de 75% do PIB, segundo a Fiesp. O sistema tem 2.400 quilometros navegáveis, ligando cinco estados (São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. O trecho paulista corresponde a 1.450 quilometros, sendo 450 deles localizados no rio Tietê e outros 800 quilometros no rio Paraná, na divisa de São Paulo com o Mato Grosso do Sul e na fronteira do Paraná com o Paraguai e a Argentina.
Segundo o coordenador da Frente Parlamentar das Hidrovias, deputado estadual João Camarez, o complexo Tietê-Paraná tem, hoje, apenas 20% da sua capacidade utilizada. O intuito do grupo é discutir estímulos para aumentar a exploração comercial dessa via fluvial. O baixo uso da hidrovia Tietê-Paraná é causado principalmente por falta de conhecimento desse meio de transporte, avalia o parlamentar.
Outros fatores apontados por João Figueiredo, do Departamento Hidroviário da Secretaria Estadual de Transportes de São Paulo, são: necessidade de maior divulgação; infra-estrutura relativamente jovem; necessidade de transportar grandes volumes e contratos longos, pois, são poucas empresas que operam na via.
Expansão
A hidrovia Tietê – Paraná tem capacidade para transportar 20 milhões de toneladas por ano, segundo a Secretaria Estadual de Transporte, mas hoje, apenas 4 milhões de toneladas percorrem os rios. No primeiro semestre, o movimento nessa hidrovia aumentou 28% em relação a 2005, conforme dados da secretaria. Foram movimentados cerca de 1,1 milhão de toneladas, recorde histórico desde sua inauguração em 1981. Atualmente, o trecho paulista da hidrovia conta com 19 estaleiros e 30 terminais intermodais de carga.
Para que mais empresas apostem no transporte hidroviário, a secretaria prevê concluir até o final do ano R$ 15 milhões em investimentos para proteção dos pilares das pontes; ampliação de vãos das pontes; melhoria tecnológica com a implantação de CCO (Centro de Controle Operacional), CFTV (Circuito Fechado de Televisão) e um sistema de gerenciamento ambiental. A Frente Parlamentar também pretende conseguir orçamento para a construção de portos fluviais.
Infra-estrutura fluvial
O Brasil tem uma bacia hidrográfica riquíssima. Apesar disso, apenas uma pequena parcela dos rios navegáveis do país é utilizada para esse fim. Nas cinco hidrovias brasileiras, a carga transportada por via fluvial é constituída basicamente por grãos e matérias-primas, como madeira e álcool.A participação do setor têxtil no transporte via hidrovias é praticamente nula.
As vantagens competitivas do transporte hidroviário são a economia de combustível e o custo competitivo. Para transportar mil toneladas por quilômetro, por exemplo, são consumidos cinco litros de combustível na hidrovia; contra 10 litros, em ferrovia; e 96 litros, na rodovia. O custo do transporte hidroviário pode representar uma economia de até dois terços do valor empregado no rodoviário. A hidrovia também é o meio de transporte menos poluente.
“A hidrovia é uma boa opção para a indústria têxtil e para qualquer mercadoria, desde que haja um volume que justifique a adequação da infra-estrutura”, afirma Figueiredo. “Há indústrias do setor de calçados curiosas sobre o uso da hidrovia. Por parte do setor têxtil e de confecções ainda não houve manifestação de interesse”, relata o deputado João Camarez.
As outras hidrovias brasileiras
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