Shein prevê parceria com 2 mil fábricas locais

Shein prevê parceria com 2 mil fábrica locais no Brasil

Produção no Brasil envolve acordo com Coteminas e expectativa de investimento de R$750 milhões.

Horas após a reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na quinta-feira (20) em São Paulo, a Shein emitiu um comunicado à imprensa anunciando que prevê a constituição de parceria com 2 mil fábricas locais nos próximos três anos para produzir artigos de moda com a marca dela. O plano anunciado contempla investimento da ordem de R$750 milhões, sem especificar o prazo para o desembolso.

Ao final do dia, a Coteminas emitiu um fato relevante pelo qual informa ao mercado ter assinado memorando de entendimentos com a chinesa Shein que envolve três pontos. Sobre o principal deles o informe menciona: “esforço conjunto para que 2.000 de seus clientes confeccionistas [da Coteminas] passem a ser fornecedores da Shein para atendimento do mercado doméstico e da América Latina”.

Também cita, sem fornecer detalhes, financiamento para capital de trabalho, além de contrato de exportação de produtos para o lar.

“Para apoiar os fabricantes brasileiros e aumentar a competitividade, a companhia investirá inicialmente 750 milhões de reais para fornecer tecnologia e treinamento aos fabricantes a fim de atualizar seus modelos atuais de produção para o modelo sob demanda da Shein. Isto permitirá aos produtores locais gerenciar melhor os pedidos, reduzir o desperdício e diminuir o excesso de estoque, resultando em uma maior agilidade para responder à demanda do mercado”, disse a Shein no comunicado sobre a operação de onshoring de manufatura (produção próxima ao mercado onde o bem será consumido). O informe da Shein que prevê parceria com 2 mil fábricas brasileiras não cita o memorando assinado com a Coteminas.

REUNIÃO COM O GOVERNO

Shein prevê parceria com 2 mil fábrica locais no Brasil

A reunião com a Shein, que não constava da agenda do ministro da Fazenda, foi intermediada por Josué Gomes, presidente da Coteminas e que também está à frente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Pela Shein, participaram do encontro o vice-presidente executivo, Donald Tang; o chairman para a América Latina, Marcelo Claure (foto); o CEO Brasil, Yuning Liu; o líder de operações Brasil, Felipe Feistler; e a diretora de relações com o governo, Anna Lima.

Segundo Haddad, nessa reunião a empresa assumiu o compromisso de aderir ao plano de conformidade da Receita Federal, ainda em elaboração. O ministro contou que a Shein colocou como contrapartida à adesão, que a regra valha para todos. “E nós [governo] não queremos nada diferente. Queremos condições iguais para todo mundo”, destacou o ministro ao falar com a imprensa.

Sobre o plano de conformidade, o ministro explicou que a propensão é adotar o modelo usado em países desenvolvidos de aplicar a chamada ‘digital tax’ para os sites internacionais que atuam no Brasil, como Shein, Shopee e AliExpress. “Quando o consumidor comprar, ele estará desonerado de qualquer recolhimento de tributo, que terá sido feito pela empresa, sem repassar nenhum custo adicional. Quando você comprar na plataforma, estará sabendo que vai receber em sua casa um produto regular, legal. Inclusive terá com quem reclamar. Vai ficar tudo legalizado, protegendo a concorrência leal. Todo mundo na mesma página, todo mundo nas mesmas condições, e o maior beneficiário sendo o consumidor”, declarou Haddad.

Conforme o ministério, há algumas etapas a serem cumpridas até a efetiva entrada em vigor do novo modelo de tributação das vendas realizadas por grandes plataformas digitais internacionais ao consumidor brasileiro.

MARKETPLACE DA SHEIN

Pelo comunicado à imprensa, a Shein explicou que vem testando um modelo de marketplace aberto à participação de empresas brasileiras. E fez o anúncio oficial de lançamento do marketplace junto com o comunicado acerca da parceria que prevê envolver 2 mil fábricas de confecção do Brasil.

Mediante a combinação dessas duas frentes de operação, produção local e marketplace, a Shein prevê que “até o final de 2026, cerca de 85% de suas vendas sejam locais, tanto de fabricantes como de vendedores”.

No comunicado à imprensa, a Shein incluiu o depoimentos de duas empresas brasileiras com as quais já vem trabalhando desde o início do ano. Pela têxtil Naif, a declaração foi atribuída a Kauê Chofi, proprietário da empresa. E pela Moderna & Slim a declaração é de João Paulo Galvão, proprietário da empresa que faz parte do piloto de marketplace local da varejista.

foto: divulgação