Empresas nascentes de base tecnológica podem ser alternativa de avanço, desde que o setor reveja seus modelos de contratação.
Com uma das vertentes na indústria de têxteis e de vestuário, há dois anos a aceleradora Spin vem reunindo um portfólio de startups de base tecnológica. Atualmente, investe em 50 empresas nascentes, das quais pelo menos cinco são especializadas em soluções para o setor. “O fechamento recorde este ano de indústrias de transformação mostra que o Brasil tem desafios básicos de tecnologia e produtividades, além da pressão da economia fraca”, avalia Beny Fard, CEO da aceleradora.
Uma alternativa seria aproximar as indústrias dessas startups. “Ajudariam a indústria nacional a ser mais produtiva e competitiva de forma rápida e a custo acessível”, afirma o empresário. Contudo, a interação não é tão simples. Primeiro, as empresas industriais devem entender que para ser mais em conta, as soluções das iniciantes costumam ser abertas. “Para o sucesso da parceria, é fundamental também que a indústria esteja disposta a criar trilhas rápidas no modelo de contratação. Senão a startup desiste, porque ela não pode ficar atrelada a prazos longos dos processos de contratação tradicionais”, explica Fard.
Ele conta que as demandas principais da indústria têm sido a de rastreabilidade do processo produtivo; experiências melhores para entregar ao consumidor no ponto de venda; produtividade no chão de fábrica; e telemetria.
Como um hub de inovação, a Spin reúne startups em três grandes mercados. Além de têxtil e vestuário, as áreas de solução passam por eletrometalmecânica e alimentos.
ENCURTAR DISTÂNCIAS
Para aproximar o mundo das startups da indústria têxtil e confecção, a Spin decidiu investir em eventos de negócios. O primeiro foi realizado no início de julho em Blumenau, em Santa Catarina, quando juntou cem representantes do setor na região com suas iniciantes especializadas. “Funcionou, e ali mesmo deu negócios”, diz Fard, planejando novas reuniões. A Spin fica em Jaraguá do Sul, pólo têxtil catarinense.
Entre os cases estabelecidos, a Spin destaca a parceria da Molde.me com a Dicrotona, marca de fitwear criada pelo modelista Tiago Diemer no ano passado. Ele contratou a plataforma para dispor do próprio sistema de modelagem, de modo que importou as modelagens que já tinha em papel e digitalizou peças piloto. Assim consegue ajustar a modelagem de forma mais simples, faz a ampliação de grade e gera o melhor encaixe para o corte. A Molde.me afirma que com a ferramenta, a Dicrotona produz mais peças em menos tempo. Atualmente Tiago Diemer desenvolve cerca de 40 novas peças por mês e gera diariamente diversas ordens de corte com encaixe automático. Na avaliação dele, a mensalidade que paga pelo uso da plataforma é mais vantajosa porque “não há investimento com licença nem equipamentos caros”, afirma em nota à imprensa.