Em parceria com o Senai, a AMPE desenvolve técnicas para reaproveitar o resíduo sólido produção de material de construção para casas populares
O Núcleo de Lavanderias da Associação de Médias e Pequenas Empresas (AMPE) de Criciúma SC) inicia um novo projeto para descarte do lodo, em parceria com o Senai e com a entidade assistencial Abadeus. O projeto visa dar destino ao lodo resultante dos trabalhos em lavanderia e, com o resíduo, produzir tijolos solo-cimento, usados na construção de casas populares. A primeira etapa do projeto deve ser concluída nos próximos sete meses, e requer investimento de R$ 30 mil.
“Havia visitado a Abadeus no início de 2007, quando a idéia apareceu, e no fim do ano, a presidente da entidade me propôs que voltássemos ao assunto. Em parceria com o Senai, o projeto foi aprovado em apenas uma semana e já estamos fazendo testes para a produção dos tijolos”, conta André Roldão, coordenador do Núcleo de Lavanderias da AMPE.
A maior parte do investimento será feita pelo Senai, que entra com R$ 25 mil, e os restantes R$ 5 mil serão custeados pelas 15 lavanderias que participam da iniciativa. Cada uma das beneficiadoras forneceu 20 quilogramas de lodo, que será usado a título de teste no lugar do barro na composição dos tijolos solo-cimento, feitos da mistura do barro com cimento.
“No momento, estamos focados em descobrir quais são as medidas ideais para a composição do produto, que deve ser resistente e agüentar a mesma quantidade de pressão que o tijolo normal. Chegando nessa composição, o Centro Tecnológico em Cerâmica do Senai, de Blumenau (SC), vai analisar o produto e nos dar a receita exata”, explica Roldão.
De acordo com o coordenador, o lodo passa por uma descaracterização para que possa servir como substituto no tijolo. “Ele é moído, queimado e toda sua umidade é retirada. Isso acaba com os contaminantes presentes no lodo da lavanderia e dá a textura necessária para que possa servir como componente do tijolo”, conta Roldão.
Terminada a primeira etapa do processo, começam os esforços para arrecadar a verba para a conclusão da segunda etapa, destinada a adequação da estrutura para que os tijolos possam ser produzidos dentro da entidade Abadeus. “Precisaremos procurar financiamento em nível federal e isso pode demorar um certo tempo”, avalia Roldão, acrescentando que o período deve atingir cerca de dois anos.
Com a verba, será construído um espaço com os maquinários adequados dentro da entidade, onde fiscais da empresa Solos Ambiental farão vistoria para que os devidos certificados ambientais sejam atendidos. A terceira etapa do projeto consiste no treinamento de trabalhadores, selecionados entre famílias de baixa renda atendidas pela Abadeus, que trabalharão na produção dos tijolos.
“O projeto elimina substâncias prejudiciais do ambiente, ajuda as médias e pequenas empresas e ainda serve de material para a construção de casas populares, e só o que falta são os investimentos”, conclui o coordenador.