Moda pode ser sustentável em 16 anos

Desde que conte com esforços adicionais ao que já está sendo feito, apura estudo global encomendado pela C&A Foundation.

Se o modelo atual de fazer roupas não mudar, dificilmente o mercado atingirá o patamar desejável de sustentabilidade. A avaliação é de que as mudanças podem demorar muito, caso a opção seja por ajustar gradativamente o modelo hoje em uso. Em vez disso, se der lugar a um sistema de fato novo, com abordagem holística e sistêmica, o processo pode avançar mais rápido. E a moda pode tonar-se sustentável em 16 anos. O prazo não é mais rápido porque os especialistas avaliam que o conceito de produção local tem nuances muito complexas para ser implementado.

Essa é uma das principais conclusões do estudo encomendado pela C&A Foundation. Com foco na perspectiva do futuro da sustentabilidade na indústria da moda, o estudo se propôs a analisar três paradigmas. O primeiro foi buscar entender a que distância o mercado está da sustentabilidade genuína. No sentido de restaurar o meio ambiente, adotar condições de trabalho dignas para todos e ajudar a reduzir a pobreza no mundo. Os outros dois visaram discutir as oportunidades nessa direção, as barreiras a serem superadas e a trajetória a ser seguida.

OUVIDOS 21 ESPECIALISTAS DO MUNDO TODO

O estudo O Futuro da Sustentabilidade na Indústria da Moda foi realizado pela Future Impacts e 4CF utilizando a metodologia Delphi. A Delphi é uma abordagem de pesquisa desenvolvida para entender o futuro, reunindo especialistas selecionados para enriquecer o diálogo e o debate. Nesse caso, foram convidados 21 experts de diferentes partes do mundo. Cada um recebeu € 700 para participar. A gratificação é uma forma de garantir o senso de compromisso, bem como a possibilidade de incluir especialistas de alto nível, que frequentemente que não contribuiriam para pesquisas abertas, explica o relatório sobre a metodologia empregada. Eles responderam a um questionário online e depois foram reunidos para um grupo de discussões.

De acordo com a C&A Foudation, o estudo aponta 14 estratégias para a sustentabilidade. Avalia cada uma delas quanto ao impacto potencial e prazo no qual poderia se tornar efetiva. Com base nessa análise, classifica as estratégias por ordem de prioridade. “Todas são consideradas realizáveis até 2035 e 2/3 delas podem se tornar predominantes em uma década, desde que sejam adotadas medidas radicais”, afirma o comunicado à imprensa sobre o relatório.

“A mudança vai exigir um enorme esforço de cooperação das marcas, dos governos, das políticas públicas e, até mesmo, dos consumidores”, declarou na nota Lee Alexander Risby, diretor global de Avaliação Social de Impacto do Instituto C&A.

OS 14 CONCEITOS PRÓ-SUSTENTABILIDADE

1 – Maior conscientização global: como o movimento da Sexta-Feira para o Futuro proposto por Greta Thunberg e que tem se espalhado.
2 – Fibras e inovação no processamento: novos materiais que demandam menos água e energia na produção.
3 – Geração de relatórios altamente detalhados sobre sustentabilidade
4 – Iniciativas orientadas para os trabalhadores
5 – Alta concentração/cooperação
6 – Responsabilidade ampliada do produtor: estendendo para a cadeia de fornecimento.
7 – Salários na indústria da moda
8 – Roupas como um serviço: novo modelo de negócios.
9 – Revolução da automação: embora o mercado tema o impacto sobre o nível de emprego.
10 – Economia circular
11 – Índice de sustentabilidade junto ao consumidor
12 – Apresentação de modelos para revenda/segunda mão
13 – Maioria das roupas produzida localmente
14 – Regulamentações fiscais para aumento da sustentabilidade