PE terá centro de tecnologia para lavanderias industriais

Projeto visa reduzir o impacto ambiental da atividade na região e capacitar a mão-de-obra local

 

Beneficiadores de jeans localizados no agreste de Pernambuco, em cidades como Caruaru e Toritama, vão receber instruções para otimizar seus processos e solucionar os problemas ambientais. O projeto, desenvolvido pelo Itep (Instituto Tecnológico de Pernambuco), conta com financiamento do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), avaliado em cerca de R$ 600 mil. Para a implantação do projeto, a equipe aguarda a liberação do dinheiro.

Segundo Frederico Cavalcanti Montenegro, diretor de pesquisas do Itep, o plano inicial é focado em quatros campos de atuação: encontrar soluções para o problema da água na região, que fica crítico na época das secas; otimizar a energia usada pelas lavanderias; melhorar o tratamento de insumos; e capacitação dos funcionários das empresas.

Uma lavanderia-piloto será instalada em Caruaru e servirá de modelo para os beneficiadores da região e também de sede para o projeto. O endereço funcionará, ainda, como ponto de encontro para todos os agentes da cadeia têxtil local. Lá serão ministradas aulas para formar mão-de-obra qualificada. Além de estudar os processos de beneficiamento, haverá um núcleo de tendências de moda para instruir as empresas da região sobre a produção de novos modelos.

A escolha do local para implantação do pólo tecnológico não foi por acaso. O diretor do Itep conta que nos últimos anos houve um aumento muito grande no número de confecções e lavanderias industriais naquela região. O crescimento descontrolado gerou problemas ambientais que causaram duas denúncias ao Ministério Público. A primeira, há dois anos, acarretou a interdição de todas as lavanderias de Toritama e a segunda, ocorreu há dois meses e afetou algumas lavanderias de Caruaru.

A meta do projeto é reduzir pela metade o consumo de 2,2 milhões de metros cúbicos de água por ano; tratar os efluentes de maneira adequada; e melhorar o consumo de energia para as caldeiras, obtida pela queima de lenha e isso gera desmatamento.

Num primeiro momento, o projeto será financiado pelo governo, mas depois o Itep espera que a indústria local colabore com o projeto. “Muitos empresários locais estão animados com o projeto. Outros, porém, ainda são resistentes e acreditam que capacitar o funcionário não é vantajoso”, afirma Montenegro.

Os donos de lavanderias também serão contemplados com seminários para que entendam os pré-requisitos ambientais e sociais de seu empreendimento.

A primeira parte da verba está prevista para ser liberada até o final deste mês de julho. A princípio, oito empresas serão atendidas. A Finep financiará os equipamentos, enquanto o Sebrae pagará os consultores encarregados da capacitação. Com o projeto em execução, depois de seis meses, dependendo dos resultados, um novo lote de dinheiro deverá ser liberado.

Inicialmente, os serviços de consultoria serão gratuitos, mas depois que o projeto engrenar, a idéia é fazer com que os cursos de capacitação sustentem a lavanderia-piloto e, para isso, a participação do empresariado local será fundamental.