Novos shopping sofrem com falta de inquilino

Pesquisa do Ibope Inteligência revela que o nível médio de lojas sem ocupação nos empreendimentos com três anos representa quase metade do total; roupas sofrem menos.

Recente pesquisa sobre o panorama dos shopping centers brasileiros, mostra um cenário complicado para os empreendimentos inaugurados entre 2013 e 2015. Quase metade das lojas está vazia. De acordo com levantamento do Ibope Inteligência, cujos resultados foram divulgados no início do mês, o chamado nível médio de vacância chega a 45% para os centros comerciais abertos nesse período de três anos. São 77 novos shopping centers, com 13,4 mil lojas, das quais cerca de 6 mil estão desocupadas, aponta a pesquisa.

A quantidade de espaços vazios é maior nos empreendimentos localizados nas regiões norte e centro-oeste, com índice de 56% e 53%, respectivamente, mostra a pesquisa. Ao observar os centros comerciais consolidados, inaugurados até 2012, o cenário muda completamente. A vacância atual desse universo desaba para 9,1%, que equivale a 6,2 mil lojas desativadas. O recorte mostra que até 2012 havia 421 empreendimentos em operação no Brasil.

Nos empreendimentos de antes de 2012, as regiões sul e sudeste apresentam níveis mais altos de vacância, associados à presença maior de shopping centers em cidades pequenas e médias. “Da mesma forma, os shoppings pequenos (com menos de 20 mil metros quadrados de área comercial) apresentam taxas de vacância maior do que os demais (12%)”, acrescenta a análise do Ibope.

SALDO POSITIVO PARA ROUPAS
Outro dado da pesquisa mostra que entre setembro de 2015 e fevereiro de 2016 foram inauguradas 5.850 lojas nos shoppings consolidados, porém, foram fechadas 5.600. Roupas, calçados, alimentações e serviços foram as operações que mantiveram saldo positivo no período. As categorias que enfrentam saldo negativo são aquelas relacionadas a casa (eletrodomésticos, móveis, itens de decoração, cama, mesa e banho); além de brinquedos e bijuterias.

Somando os espaços vazios dos conglomerados novos e consolidados, a pesquisa aponta estoque de 12 mil lojas à espera de locação. “O crescimento acelerado teve seu preço. Muitos projetos foram superdimensionados ou instalados em localizações duvidosas. O caixa cheio de algumas empresas levou a uma expansão desordenada, cujo resultado é o que se vê agora: shoppings centers com elevadas taxas de vacância e projetos prontos que postergam sua inauguração por falta de varejistas”, declarou em nota ao mercado, a diretora da unidade de shopping, varejo e imobiliário do Ibope Inteligência, Marcia Sola.

EVOLUÇÃO DO SETOR
O Ibope fez a pesquisa considerando um cenário de 498 shopping centers em operação no país, que totalizariam 13,9 milhões de metros quadrados de área bruta locável (ABL) e 82 mil lojas. Já o balanço da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers) aponta para 538 empreendimentos operando em 2015, instalados em 196 cidades, com 98,2 mil lojas e 14,68 milhões de metros quadrados de ABL.

Segundo a entidade do setor, o faturamento em 2015 foi de R$ 151,5 bilhões, que correspondeu a aumento de 6,5% sobre o ano anterior. O trânsito de pessoas dentro desses centros comerciais também aumentou de 431 milhões, em 2014, para 444 milhões, em 2015.

Do faturamento total, as operações do sudeste sustentam R$ 87 bilhões. Em seguida, está a região nordeste com R$ 25,8 bilhões. No sul, o faturamento foi de R$ 18,7 bilhões, em 2015. O centro-oeste somou R$ 13,5 bilhões e o norte do país. R$ 6,9 bilhões, informam os dados da Abrasce.