Restoque acumula prejuízo em 2016

De janeiro a março, as perdas da holding da John John, Dudalina e Le Lis Blanc equivaleram ao desempenho negativo de todo o ano de 2015.

Em mais um trimestre a Restoque registra prejuízo. De janeiro a março, a holding que controla Dudalina, Individual, Base, Le Lis Blanc, John John, Bo.Bô e Rosa Chá acumulou prejuízo líquido de R$ 24,2 milhões, que ficou ainda um pouco acima do resultado negativo de R$ 21,8 milhões, apontado em todo o ano de 2015. O vermelho do primeiro trimestre de 2016 destoa do lucro líquido em torno de R$ 15 milhões apresentado em igual período do ano passado.

A receita líquida da companhia recuou 16% sobre igual período de 2015, anotando R$ 248,6 milhões, no primeiro trimestre de 2016, de acordo com o balanço financeiro divulgado a semana passada. Das marcas controladas, apenas a rede de outlet Estoque e a Rosa Chá mostraram crescimento de receita. As demais grifes que formam o grupo venderam menos na comparação entre os dois períodos. O faturamento da Le Lis Blanc encurtou 24%, do núcleo Dudalina caiu 21%, da Bo.Bô encolheu 16% e da John John ficou 1,9% menor.

Os resultados difíceis são atribuídos a problemas operacionais enfrentados pela empresa, em especial a partir do último trimestre. Em outubro, quando Paulo Soares assumiu a condução da companhia, foram detectadas “falhas no planejamento de compras que sinalizou um nível de recebimento de novos produtos muito abaixo do necessário para o nosso tipo de negócio”, como o executivo descreveu em conferência com analistas do mercado financeiro.

As falhas foram corrigidas, diz, mas, a regularização levará ainda um tempo. “Tendo em vista o lead time típico da cadeia de abastecimento que varia de três a seis meses, dependendo da origem do produto, a recomposição dos níveis de estoques só passou a se materializar de forma mais concreta a partir de março”, informou o executivo. Nesse período, a empresa sofreu com o baixo nível de recebimento de produtos, que afetou o ritmo da entrada de lançamentos nas lojas.

A opção foi priorizar a geração de caixa, estendendo o período de liquidação “dos usuais dez dias para aproximadamente dois meses, como no caso da Le Lis Blanc”, observa o relatório que acompanha as demonstrações financeiras do primeiro trimestre. Também acelerou as vendas nas lojas físicas de outlet, ao mesmo tempo em que reduziu a comercialização pelos outlets online. A companhia completa, ainda, que restringiu o lançamento da coleção de inverno 2016 a 20% de sua rede de lojas até meados de fevereiro.

A retomada do estoque de produtos novos foi atrapalhada, também, pela demanda aquecida para os “bons fornecedores nacionais”. “Nesse cenário, enfrentamos quebras de fornecimento relevantes durante os primeiros meses de 2016 e avaliamos que a recomposição tardia dos estoques de inverno ao final da estação implicava num risco para a operação. Portanto, o processo de recomposição de estoques iniciado já ao final de 2015 será progressivo e estará atingindo o patamar ideal ao longo do ano, com maior força no segundo semestre de 2016”, detalha o relatório.

O volume de investimento foi de R$ 14,2 milhões aplicado basicamente na reforma e manutenção de lojas, desenvolvimento de coleções e operações de retaguarda. Com a recompra de franquias Dudalina e o fechamento de uma loja Le Lis Blanc, a rede de varejo aumentou dois pontos desde dezembro, passando a ter 330 unidades, ao final de março.