Chega ao Brasil nova fibra têxtil Naia

Chega ao Brasil nova fibra têxtil Naia

Fabricante do insumo, a americana Eastman iniciou conversas com produtores locais de denim.

Chega ao Brasil nova fibra têxtil Naia

Derivada da celulose, como a viscose, a Naia chega ao Brasil como novidade em fibra têxtil e destacando atributos sustentáveis. Vai disputar o mercado com a fibra Naia Renew, produzida com 40% de materiais reciclados. Duas empresas brasileiras, uma fiação e uma tecelagem, testam a fibra desde o ano passado. As negociações com fabricantes locais de denim apenas começaram, conta ao GBLjeans Carolina Sister, diretora de marketing global da Eastman Chemical, americana que produz o insumo.

Fora do Brasil, a Eastman tem projetos em estágio de aplicação comercial com três fabricantes de denim. Dois da Turquia, Isko e Bossa, e outro da China, a Advanced Denim. Conforme a diretora, as empresas já testaram Naia ora no urdume, ora na trama, e combinada com algodão.

“Dificilmente o tecido será 100% Naia, em qualquer aplicação”, afirma Carolina. Ela explica que a recomendação é sempre a mistura da Naia com outras fibras. Funciona em composição com poliéster por suportar altas temperaturas, comenta. De forma, que pode ser usada no mesmo banho de tingimento, em estamparia e sublimação.

Recentemente, marcas internacionais como Hugo Boss e H&M usaram a Naia para reduzir pela metade o uso de poliéster em suéteres. Uma fábrica chinesa lançou lençóis e fronhas feitos à base de Naia.

Também funciona combinada a viscose, seda, liocel, modal e algodão, entre outras fibras têxteis.

ORIGEM

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Derivada da celulose, a Naia é um tipo de acetato têxtil que foi bastante comum até a década de 1960 para imitar seda, conhecido então como Chromspun e já fabricado pela Eastman Chemical. Com o avanço das fibras sintéticas como náilon, caiu em desuso, e saiu do mercado.

Em 2017, a Eastman relançou a fibra sob a marca Naia, com dois tipos de produtos e uma nova abordagem de mercado. Tem a Naia de filamento contínuo destinada a tecelagens e malharias, permitindo aplicação em jacquard e estampados. E tem a Naia de fibra curta orientada às fiações, diz Carolina.

Para ganhar participação no segmento de fibras têxteis, a Eastman centrou a abordagem na sustentabilidade desde a origem vegetal da fibra cercada de certificações. A polpa da madeira é comprada de empresas com florestas plantadas de eucaliptos ou pinheiros, e certificadas por auditorias externas, como do FSC (Conselho de Manejo Florestal) e do PEFC (Programa para o Endosso da Certificação Florestal), de modo a garantir que não haja desmatamento de florestas antigas e ameaçadas. Um dos fornecedores é a Bracell, da Bahia. Para garantir o atributo de fibra biodegradável em solo, água e compostagem apresenta certificação pelo TUV Áustria.

A diretora explica que a produção se baseia em processo químico de circuito fechado, que não emprega água. “Só usamos dois componentes químicos na fórmula: acetona e ácido acético, que é o vinagre, ou seja, são componentes amigáveis ao ser humano. E esses solventes são todos reciclados no processo”, ressalta.

NAIA RENEW

Chega ao Brasil nova fibra têxtil Naia

Em 2020, a Eastman lançou a Naia Renew, a nova fibra têxtil que chega ao Brasil. Combina 60% de polpa de madeira com 40% de insumos obtidos a partir de resíduos reciclados. Usando tecnologia patenteada, o processo quebra plásticos e carpetes descartados ao nível molecular. “Dessa forma, é uma solução circular que não impacta a fibra ou a qualidade do tecido”, salienta Carolina. A fábrica fica no Tennessee, no complexo que abriga a sede da companhia nos Estados Unidos.

Ela assegura que o preço da Naia é competitivo com o “preço das melhores viscoses”. Sobre volume de produção global a empresa não informa.

De acordo com a Eastman, no mundo, em torno de 200 empresas utilizam a fibra Naia. No Brasil, tem pilotos avançados com a Werner Tecidos, de Petropólis (RJ), que utiliza a fibra em três artigos, e a Adatex, de Jacareí (SP).

Em julho, foi anunciado o projeto de rastreabilidade da fibra até o ponto de venda. Envolve a empresa de registro da cadeia de custódia por blockchain TextileGenesys e a varejista H&M, que usou a tecnologia para rastrear três artigos – um vestido, uma camiseta e uma blusa.

fotos: divulgação