Colando os patches

Nesta reportagem especial, o GBLjeans apresenta os produtos disponíveis no mercado para trabalhos de fixação de apliques no jeans

Detalhes de aplicação de patches aparecem nas coleções de grandes marcas de jeans desde o ano passado e, de acordo com a última temporada de desfiles internacionais, é uma tendência que não deve sair de cena tão cedo. Grifes reconhecidas como G-Star, Chloé, William Rest, Unique, Marc Jacobs, Trussardi, Replay e Balenciaga incluíram patches em suas coleções, seja em combinações de retalhos de denim sobre base denim, ou misturando o denim com outros tipos de material, como o couro.

O trabalho de aplicar os patches por dentro da peça (para tampar o buraco proposital provocado pelo desgaste severo que rompe as fibras deixando a pele à mostra) ou por fora (como um remendo) é todo feito em lavanderias, que quase sempre usam cola para fixar o detalhe nas peças. A oferta de produtos adesivos é farta no Brasil, assim como são variados os métodos de aplicação, a composição das colas e os cuidados a serem tomados para assegurar o visual desejado.

Os produtos são vendidos na forma de cola, em embalagens de até 30 quilogramas, ou de películas aderentes comercializadas em rolo. Seja qual for a opção, os dois tipos de produtos precisam passar por processo em alta temperatura (prensa ou estufa) para funcionar.

A recomendação da maioria dos fornecedores é que os produtos sejam aplicados depois dos processos tradicionais de lavanderia. Alguns garantem ser possível colar os patches e depois processar a peça em lavanderia. Parte dessa decisão depende da proposta desenvolvida pelo estilista.

Os patches resistem a lavagens domésticas por um período de tempo. Nada é eterno, inclusive os patches, e menos ainda na moda, alertam os técnicos. Também não vale sair puxando o patch para testar a resistência da fixação pelo simples fato de que se trata de um adereço de moda e não um item de segurança. E sempre é bom lembrar que um consumidor que escolhe vestir um modelo vintage não se importará se o patch cair com o tempo de uso e sucessivas lavagens. Para esse perfil de consumidor, se ficar marcado, melhor.

Esta reportagem reúne algumas das opções comercializadas no mercado brasileiro, destacando recomendações de aplicação, quanto a tempo, temperatura e tipo de tecido.

[AGS]

A empresa conta com o Gel Siliconado para Patchwork, que funciona tanto para a aplicação de remendos por dentro da peça em denim como para aplicações do lado de fora. “Tecidos de gramatura mais leve resistem melhor e, portanto, é possível aplicar os patches primeiro e depois submeter a peça por serviços de beneficiamento. No entanto, para o denim de peso maior que 10 oz, por exemplo, recomenda-se a aplicação após as lavagens, já que processos agressivos podem influir na fixação completa da cola”, explica Eduardo Fernandes, gerente de vendas da AGS.

 

A recomendação é passar o gel no patch para, em seguida, depositar sobre o local escolhido para aplicação. Depois, a deve passar por uma prensa a temperatura de 160ºC. Está disponível em embalagens de 30 Kg. Cada quilo do Gel Siliconado para Patchwork custa entre R$ 20,00 e R$ 25,00.

 

 

[GÊNESIS]

A película Termofix é a opção da empresa destinada a trabalhos de aplicação em denim. O uso do produto, que consiste num filme aderente, é recomendado para depois que a peça passar pelos processos de lavanderia. Também deve ser aplicado com a ajuda de uma prensa térmica.

 

“Coloca-se na prensa o filme já recortado entre a peça e o patch por cerca de 25 segundos em temperatura de 180ºC e pressão de 100 libras, de modo a assegurar uma boa fixação. Entretanto, se o tecido for muito grosso, a pressão, a temperatura e o tempo deverão aumentar na prensa”, salienta Guilherme Ishii, do departamento técnico da Gênesis. Segundo ele, o metro quadrado do filme é vendido por R$ 18,00.

 

 

[INVECTIVA]

O filme termocolante da empresa é indicado para colar patches feitos de outros materiais que não o denim sobre uma base denim. Pode ser usado, também, para reserva de fundo do tecido. Para isso, o filme recortado é aplicado antes de a peça ser submetida a processos em lavanderia. Numa estonagem, por exemplo, enquanto a peça fica desgastada, o local onde o filme foi colado preserva a cor original do denim.

 

“O filme é perfeito para a aplicação de patches de diferentes materiais sobre o jeans. Também pode ser aplicado patch de denim sobre denim, mas, nesse caso, resiste a cerca de dez lavagens domésticas”, conta Alex Sandro Rodrigues, coordenador de produto e desenvolvimento da Invectiva.

 

Segundo ele, a aplicação do filme deve ser feita usando prensa térmica aquecida a 170ºC durante 20 segundos. Comercializado em forma de rolo, o produto custa R$ 18,50 o metro quadrado.

 

Seguindo o mesmo processo de aplicação, a empresa também disponibiliza outros produtos para aplicações semelhantes. “Temos filmes metalizados, com efeito glitter e de aspecto semelhante ao veludo. Eles já são recortados no formato que o cliente desejar, e a fixação é duradoura”, explica Rodrigues, afirmando que as peças com a aplicação não devem passar por lavanderia industrial após a colagem, já que os produtos químicos usados nos beneficiamentos podem estragar o filme.

 

 

[NEWCO]

A opção sugerida pela empresa é uma cola destinada a trabalhos artesanais, que deve ser aplicada com prensa térmica por 30 segundos a 120ºC. Para tecidos com elastano, a Newco recomenda que a temperatura não ultrapasse 90ºC e cerca de um minuto na prensa. Liberado para aplicações antes de trabalhos em lavanderia industrial, o produto é vendido em embalagem de cinco quilos, com preço entre R$ 14,00 e R$ 19,00 por quilo.

 

“Em três anos que o produto está no mercado não tivemos reclamações em relação à qualidade da fixação dos apliques. No entanto, tecidos que tenham nylon ou poliéster na composição apresentam riscos maiores. Tecidos de algodão apresentam resultados melhores”, ressalta Amauri Marengoni, diretor da Newco.

 

 

[SPLASHCOR]

Recomendada para trabalhos feitos na fase de acabamento das peças, a Cola para Tecidos da Splashcor é feita à base de PVC e tem característica viscosa. Exige uso de prensa a temperatura de 130ºC por aproximadamente um minuto para a fixação do denim sobre denim. O produto pode ser aplicado com pincel ou espátula sobre o local da peça onde será colado o patch.

 

“Nunca tivemos reclamação em relação à fixação por causa de lavagens domésticas. Apenas indicamos que a peça não passe depois por lavanderias industriais, já que pedras, solventes e outros produtos químicos podem acabar danificando o trabalho”, observa Alexandre de Campo, técnico têxtil da Splashcor.

 

Segundo ele, outro cuidado importante no processo de colagem é controlar a quantidade de produto aplicada, especialmente sobre tecidos leves. “Quanto menor o peso do tecido, menos produto se deve aplicar, caso contrário, a cola pode vazar para fora da aplicação e acabar causando defeitos”, explica o técnico.

 

O quilo do produto varia entre R$ 20,00 e R$ 25,00, e a empresa disponibiliza embalagens de um, cinco, dez, 25 ou 50 kg. De acordo com Campo, cada patch requer de três a cinco gramas de cola para a fixação.

 

 

 

>> Império prepara lançamento em julho

A lavanderia promete lançar em julho a nova versão da cola para denim, apresentada ao mercado em meados de 2008. Segundo Helson Andrade, diretor da Império, a lavanderia vai aguardar o lançamento do produto para apresentar os avanços. Inicialmente, a cola foi usada para substituir a costura do jeans. Mas pode servir para a fixação de patches.

 

 

>> Cola da Acrilex para consumidor final

Indicada para uso doméstico, a Cola Jeans, da Acrilex, foi colocada no mercado como alternativa para fazer a barra da calça em casa, sem ter que recorrer a uma costureira. Mas nada impede que o produto tenha outras aplicações, como colar patches, informa a empresa, que recomenda o uso da Cola Jeans apenas em tecidos pesados. Para funcionar, depois de colada a peça não pode ter contato com água nas 72 horas após a aplicação. Depois desse período, as lavagens estão liberadas. A embalagem de 20 gramas custa R$ 1,25 para o consumidor final. Osni Francisco Júnior, do marketing da Acrilex, afirma que encomendas de quantidades industriais são viáveis, mas dependem de consulta prévia.

 

*com edição de Jussara Maturo 

fotos: divulgação