O premium em versão brasileira e popular

Novo conceito chega às grandes redes de varejo, como C&A e Pernambucanas

 

O jeans com cara de premium chega às lojas populares e aponta uma mudança na percepção de moda do brasileiro. A C&A, uma das maiores redes varejistas do Brasil, investiu pesado em uma campanha de jeans protagonizada pela modelo Daniela Sarahyba e pelo estilista Marcelo Sommer. Outro grande magazine, a Casas Pernambucanas espalhou outdoors em São Paulo para promover campanhas publicitárias focada no jeans.

A Riachuelo e a Renner ainda não fizeram mídia específica em cima do jeans, contudo, a primeira, das nove marcas de vestuário feminino que comercializa duas são de jeanswear (as outras incluem ginástica, lingeries, calçados, acessórios, pijamas e moda formal), e a segunda trabalha com três marcas de jeanswear, num total de dez.

Segundo o diretor executivo do IBModa, André Robbic, o jeans está “na crista da onda”, e o investimento dos magazines reflete o cenário. “Como trabalham com grandes volumes, essas lojas precisam apostar em algo vendável”, explica Robbic. Ele explica que o jeans se tornou o foco de vendas porque há dois anos começaram a explodir grifes de luxo, como a Diesel e a True Religion, e a peça de denim passou a chamar mais atenção. Além disso, a moda também vem revisitando os anos 60 e 70, época em que o jeans entrou de vez nos armários das pessoas.

Dos anos rebeldes veio a tendência do jeans artesanal, em que nenhuma peça é igual a outra. O resultado que antes era conseguido de maneira caseira, hoje, é feito por meio de um elaborado processo industrial que demanda alta tecnologia por parte das beneficiadoras de jeans. “É a retomada moderna do lema Liberdade é uma calça velha, azul e desbotada”, diverte-se Robbic.

Risco calculado – As lojas mais populares têm por estratégia deixar a moda se cristalizar para aí, então, apostar as fichas na produção em grande escala. A vez do jeans chegou. “O Brasil não tem um modo sofisticado de consumo, por isso as apostas têm que ser bem calculadas”, argumenta o consultor.

Todavia, o executivo relata que dados comparativos entre duas pesquisas, uma realizada há três anos e outra em 2005, revelaram que estados do Centro-Oeste, Norte e regiões mais afastadas do Nordeste que rejeitavam, em 2003, produtos com um design um pouco mais arrojado, hoje começam a aceitar. “O Brasil está começando a construir uma cultura de moda. Estamos vivendo um momento de democratização da moda”, revela.

No caso do denim, a maioria da população que não tem acesso a lojas de luxo, começa a tomar conhecimento de novos modelos de jeans, como o skinny que invade as prataleiras dos grandes magazines. Nesse sentido, a tendência do jeans com cara de premium nas lojas populares pode gerar bons frutos para a construção da cultura de moda nacional, uma vez que, segundo Robbic o jeans é o “carro-chefe das confecções”.