Senai Cetiqt inaugura planta piloto de fibras tecnológicas

Linha produz fios com biocomponentes para a obtenção de tecidos funcionais com repelência a insetos, proteção à radiação UV, propriedades antimicrobianas e antichamas, em projeto avaliado em R$ 10 milhões

O Brasil tem perdido competitividade na área de fibras têxteis como consequência da concorrência asiática, tornando a indústria refém de oscilações de preços no mercado internacional. Para apoiar o setor, o Senai Cetiqt, do Rio de Janeiro, inaugurou uma planta piloto de fibras químicas com a instalação do primeiro equipamento CMF 100, da empresa alemã Collin, no país. O sistema permite a obtenção de fibras com biocomponentes para a produção de fios com funcionalidades, como tecidos com repelência a insetos, proteção à radiação UV, propriedades antimicrobianas e antichamas, tendências no mercado internacional e no Brasil, explica Ricardo Cecci, coordenador de inovação em fibras do Senai Cetiqt.

Empresas associadas à Abrafas (Associação de Fibras Artificiais e Sintéticas) identificaram o gap tecnológico e deram sugestões para definição, especificação e dimensionamento dos equipamentos que vão compor a linha piloto. Com recursos próprios, o Senai Cetiqt investiu R$ 3 milhões neste primeiro equipamento e prevê aplicar mais R$ 7 milhões no projeto. Outros equipamentos estão em fase de aquisição para entrarem em operação até junho de 2018. Entre as tecnologias adotadas estão a de plasma para modificação de superfícies e sistemas de fiação, o de eletrofiação (electrospinning) e fiação a úmido (wet spinning) de fornecedores como a Barmag, Dienes e Collin & Hills.

As fibras sintéticas ou polímeros são fundidos com nanocomponentes, como a prata, formando o compósito que permite a funcionalidade antimicrobiana, por exemplo. A linha de produção piloto vai apoiar a criação de tecidos com funcionalidades adquiridas durante o processo de formação do fio. Para isso, são usadas tecnologias de incorporação de nanopartículas por meio de um sistema de fiação bicomponente que integra a própria fibra. “O nanocomponente não é encapsulado, como nos processos com fibras naturais, permitindo maior durabilidade da funcionalidade, seja repelência de insetos, antimicrobiano ou antichamas, sem perder o princípio ativo nas lavagens”, afirma Cecci.

Com a primeira linha piloto de fiação, inaugurada em maio, o Senai está desenvolvendo três grandes projetos contratados diretamente por empresas, principalmente da área de óleo & gás e papel e celulose. Com a finalização da linha de produção, a previsão é atender mais projetos têxteis que serão apresentados à indústria, além de receber encomendas, diz Cecci.