Setor de vestuário registra expansão nas franquias em 2010

Faturamento cresceu 29% e unidades aumentaram em 18%; empresas se mostram otimistas para 2011

As redes do setor de vestuário que trabalham com o sistema de franquias no Brasil faturaram no ano passado R$ 6,5 bilhões, crescimento de 29% com relação ao registrado em 2009. Já o faturamento geral das empresas que operam franquias no país aumentou 20,4%, ficando em R$ 75 bilhões, informa pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).



Com o desempenho de 2010, o setor de vestuário registrou o terceiro maior crescimento entre os 12 segmentos analisados pela entidade, ficando atrás apenas de Alimentação (39,9%) e Acessórios Pessoais e Calçados (29,9%), e respondendo por participação de 8,6% no total do faturamento das franquias. O crescimento acima da média no vestuário, no entanto, ficou abaixo da evolução verificada entre 2008 e 2009, quando o setor cresceu 37,5% no faturamento das redes franqueadas, considerando no cálculo também as unidades próprias.



De todo modo, o cenário é positivo, segundo aponta Ricardo Camargo, diretor executivo da ABF. “Os setores que mais cresceram estão intimamente ligados ao aumento do poder de compra da população”, afirma ele, lembrando, porém, que o aquecimento do mercado imobiliário é um fator que pode inibir a abertura de novas unidades, sobretudo em shopping centers.

A expectativa para 2010 era de crescimento de 10% no número de pontos de vendas, considerando todos os segmentos analisados. Mas o registrado foi expansão de 8%, uma diferença de 1.600 novas unidades. Para o vestuário, de novo acima da média, o aumento nesse quesito foi de 18%, chegando a 5.073 unidades, entre franqueadas e próprias.



Rumo ao nordeste
Mesmo cautelosas em relação aos efeitos da bolha do mercado imobiliário, as marcas ouvidas pelo GBLjeans planejam expandir as franquias em 2011. A Checklist, que hoje tem 16 lojas franqueadas, quer passar para 25 até o final deste ano, consolidando a presença nas regiões norte e centro-oeste. Lúcia Barroso, gerente de franquias da rede, cita o alto preço dos imóveis como um dos motivos para buscar outros mercados. “No Rio de Janeiro, a marca já está consolidada. Além disso, os shoppings na cidade estão cobrando valores muito altos, irreais”, justifica a executiva.



A Elementais informou querer aumentar de 14 para 19 o número de franquias nos próximos meses, com foco no nordeste e sudeste. A Folic, hoje com 23 pontos de franquias, não cita números, mas diz que planeja chegar às capitais onde ainda não está presente, principalmente nos estados do nordeste. E a Toulon, com 11 franquias atuais, diz ter previsão de abrir mais seis unidades em 2011, também focando as regiões nordeste e sudeste. Os planos coincidem com as perspectivas apresentadas pelo presidente da ABF, segundo quem o interior paulista e os estados nordestinos devem ter os maiores crescimentos de franquias nos próximos anos.

Rigor na escolha
Ter uma franquia pode parecer um investimento ideal para quem não quer arriscar muito e uma boa opção para a empresa que busca expansão, mas há certas características próprias desse tipo de negócio que devem ser analisadas pelos dois lados da operação, franqueado e franqueador.

“Primeiro, a empresa deverá analisar se tem condições de ser franqueadora, de criar um modelo de gestão, se suas operações e procedimentos são replicáveis e se conseguirá monitorar e acompanhar essas operações. Em muitos casos, precisarão ser feitas algumas mudanças internas e criação de cargos que possam garantir segurança para as duas partes”, explica Marco Antônio Cerqueira, gerente de marketing da Elementais.



E no caso do vestuário, há outras preocupações a levar em conta. “Precisa ver
as possibilidades de expansão dessa marca em território nacional, com cuidado na análise da moda, em relação ao comportamento e às questões de sazonalidade. E se for necessário, ver qual a possibilidade de adequar o mix de produtos para outra região”, afirma Ana Vecchi, da Vecchi & Ancona Consultoria.

Já o franqueado deve atentar para o fato de que a taxa de retorno do investimento pode variar muito de acordo com o mercado local. A empresária Sheylla Senna abriu sua primeira franquia de vestuário em novembro de 2010, junto com a inauguração do shopping center em que está instalada, em Salvador (BA). “A taxa de retorno seria de 24 meses, mas como o shopping é novo, o movimento é baixo. Não tenho ideia de qual será o tempo de retorno”, afirma Sheylla, que planeja abrir em breve outra loja da mesma marca em outro centro de compras, mas já tradicional da cidade, para sustentar a estabilização do ponto ainda desconhecido.

Para não errar ao lançar franquia.
#Operações e procedimentos devem ser replicáveis e possíveis de serem monitorados
#Em muitos casos, exigirá mudanças internas, com a criação de novos cargos
#Avaliar a possibilidade de expansão para o território nacional, considerando características regionais e a capacidade de adequar o mix de produtos a outras regiões

Comprando a franquia certa
#Avaliar a própria capacidade de investimento
#Ter capital de giro suficiente para sustentar uma eventual prolongação do tempo estimado da taxa de retorno
#Afinidade com o produto vendido
#Seguir o direcionamento de marketing colocado pela empresa, sem descuidar de analisar as características da clientela, das tendências de moda

fotos: divulgação