Brasil ensaia extrair índigo natural

Brasil ensaia extrair índigo natural

Flávia Aranha participa do Projeto Anileiras, de produção do corante em agrofloresta têxtil.

Da convergência de interesses em torno do modelo de agrofloresta como forma de regenerar o solo, proteger biomas e a biodiversidade brasileira, nasceu o Projeto Anileiras. A partir dele, o Brasil ensaia produzir índigo natural. A intenção é obter o corante de plantas cultivadas no modelo de agrofloresta têxtil.

Brasil ensaia extrair índigo natural
Peça de Flávia Aranha tinta com índigo natural

Anunciado durante painel promovido pela Brasil Eco Fashion Week nesta semana, o projeto é um consórcio entre a Teia, de Flávia Aranha; a Balaiar, que produz alimentos orgânicos e agroflorestais na Fazenda Malabar, em Itatiba, cidade do interior paulista; e a Jurema, consultoria que pesquisa e ajuda a implementar agroflorestas com foco em plantas têxteis (fibras e corantes).

Atualmente, a marca Flávia Aranha usa em seus produtos índigo natural e orgânico que importa de El Salvador. É produzido na Fazenda Hacienda Los Nacimientos.

Conforme Liege Pistore Veras, da Balaiar, é nessa experiência que a fazenda paulista vai tomar como referência para cultivar e extrair o corante índigo.

A aproximação começou quando a Balaiar escreveu à Flávia para informar que identificara duas espécies de anileiras (a planta de onde se extrai o índigo ou anil, em português) que nasciam espontaneamente nos pastos da fazenda.

Perguntou se a estilista tinha interesse. Como ela respondeu que sim, enviou uma amostra. O contato avançou e incluiu Larissa Oliveira, da Jurema, para formar um consórcio.

O foco inicial da produção será a espécie Indigofera suffruticosa, a mesma plantada em El Salvador, explicou Liege. A outra espécie mapeada nos pastos da Balaiar é a Indigofera truxillensis.

Ainda que o foco do projeto sejam as anileiras, a intenção é combinar com o cultivo de outras espécies chamadas de tintórias. As de ciclo curto, menos de um ano para crescer, como urucum e ruivinha, e as de ciclo longo, como ipê-roxo, romã ou pau-brasil.

RECURSOS PARA O ÍNDIGO NATURAL

A próxima fase do Projeto Anileiras é o investimento na construção de uma estação de processamento para extração do corante em pó. Para esse estágio, o consórcio busca parceiros a fim de levantar o dinheiro necessário.

De acordo com Flávia Aranha, no plano dos negócios, a Teia, braço de pesquisa da marca, atuará para fornecer o corante índigo, natural e orgânico, para outras marcas. Ela não descarta vir a atrair também a indústria têxtil brasileira.