Jeans circular exige inovação colaborativa

Jeans circular exige inovação colaborativa

Desafio consta do balanço de 2023 do The Redesign Jeans, da Ellen MacArthur Foundation.

Jeans circular exige inovação colaborativa

Com saldo de 1,5 milhão de jeans redesenhados seguindo a diretriz que a moda circular exige, e vendidos em dois anos, o The Redesign Jeans, projeto da Ellen MacArthur Foundation (EMF), publica o relatório com o balanço das conquistas entre 2021 e 2023. São peças duráveis, mais fáceis de reciclar e feitas a partir de materiais e processos seguros, descreve o documento.

Aponta que de cem empresas que participam do projeto, cerca de 30% investiram juntas US$39 milhões para fazer os ajustes necessários na direção do jeans circular. Conforme a EMF, essas empresas relataram investimentos para obter certificados de conteúdo reciclado e conteúdo orgânico. Também investiram em áreas como construção de conhecimento (18%), ativos fixos (17%), estoque (17%), diversificação de capacidades (15%), fusões e aquisições (12%) para criar tecidos e peças jeans de acordo com os requisitos do Redesign Jeans, iniciativa lançada em 2019.

O relatório da EMF conclui que os avanços não ganharam a velocidade esperada, mas não são por isso menos importantes. Justifica que para alcançar a meta do jeans circular a solução não é única, tampouco simples. “Nenhuma organização ou ator do sistema pode fazer isso sozinho. Significa não apenas projetar os produtos do futuro, como também os processos, os serviços, as cadeias de fornecimento e os modelos de negócios que entregarão ao mercado”, destaca o relatório divulgado a cada dois anos, defendendo a inovação pela colaboração.

A análise ressalta ainda que o esforço pelo jeans circular teve o efeito positivo em empresas que decidiram aplicar as mesmas diretrizes na produção de outras peças de jeans, além de calças, e também para outras roupas. “Provando que o design circular pode se tornar a norma”, afirma o relatório.

GANHAR ESCALA

Entre o primeiro relatório, publicado em 2021, e o atual, a EMF conclui que o mercado evoluiu e hoje existe capacidade técnica para conteúdo orgânico, eliminação de rebites, produtos químicos seguros e alternativas à galvanoplastia convencional. Falta dar escala aos novos produtos.

Pelo novo relatório, o desafio para o jeans circular exige ainda compromisso em trabalhar com tecidos que tenham 98% de fibras celulósicas (ou de origem vegetal) na composição. Desse desafio deriva a busca por encontrar solução alternativa às fibras elastizadas, valorizadas pelo consumidor de jeans. Também passa pelo uso responsável e seguro de água pelos fabricantes de denim.

Entre 2021 e 2023, a indústria desenvolveu tecnologia para produzir botões desmontáveis, de rastreabilidade de roupas e técnicas regenerativas para lavouras, como as de algodão, e florestas.

No relatório, a marca Re/Done relata, por exemplo, que utiliza botões aparafusados que podem ser removidos usando apenas uma chave de fenda. As partes plásticas dentro dos botões foram substituídas por materiais feitos de amido de milho.

Ainda faltam soluções para linhas e zíperes desmontáveis. Também faltam centros e sistemas de coleta, separação e reciclagem do jeans.

USO DE ÁGUA

Em 2021, os fabricantes de denim que participam do projeto assumiram o compromisso de consumir, no máximo, 30 litros de água por metro de tecido produzido. De acordo com o relatório, 87% dos participantes diminuíram ainda mais o consumo em 2023, usando 18,84 litros de água por metro de tecido produzido. Além de reutilizar a água, os fabricantes adotaram novos meios e técnicas de produção.