Lavanderias capixabas driblam lama do rio Doce

Uso de água de poços artesianos e lagoas substituíram o abastecimento do rio, que está contaminado por causa do desastre de Mariana, em Minas Gerais.

O desastre ambiental provocado pelo rompimento da barragem de minério da Samarco, na cidade mineira de Mariana no dia 5 de novembro, levou lama misturada a rejeitos de minério de ferro até o Espírito Santo por meio do rio Doce, que abastece o centro-norte do estado. As lavanderias da cidade de Colatina, um dos municípios que compõem a bacia hidrográfica do rio, começaram a sentir os efeitos da contaminação da água que ficou imprópria para o consumo humano, sem afetar a produção industrial, garantem as empresas, embora tenham sido tomadas algumas medidas de adequação.

Segundo, Janaína Zanetti, proprietária da Ravely, a escassez de água começou a partir do dia 13 de novembro, afetando a etapa de lavagem de peças com cores claras, mas não o volume processado. “Buscamos ajuda de uma lavanderia parceira com poço artesiano para trabalhar essas peças”, afirma Janaína. Outra alternativa da Ravely foi a captação de água de lagoas próximas, durante à noite, seguindo o rodízio definido pela prefeitura da cidade. “A produção da Ravely que era de 1 mil peças por dia diminuiu neste ano para 600 peças por dia devido à queda do mercado têxtil e não pelo desastre ambiental”, ressalta a empresária.

Por contar com dois poços artesianos, a Guermar garantiu independência hídrica para o processamento de 10 mil a 20 mil peças por dia. “A parte mais afetada é o consumo humano e o abastecimento das casas”, afirma Warley Tavares da Silva, gerente de produção da lavanderia.

A Ecolav tem um reservatório próprio que capta água à noite de uma lagoa abastecida pelo rio Pancas, e também não depende do rio Doce, além de contar com um poço artesiano. A empresa manteve o processamento de 3,5 mil a 4 mil peças por dia, afirma o gerente de produção Claudio Marques. Já na GB Lavanderia, seis poços artesianos garantem o abastecimento de água para a produção de 10 mil a 15 mil peças por dia, segundo o diretor da empresa, Marco Britto.

A 48 quilômetros de Colatina, a lavanderia Lacom, de São Gabriel da Palha, capta água do rio São José. “A cidade não foi afetada pela escassez de água”, afirma o gerente da Lacom, Clovis Cassiano.

Os executivos das lavanderias relatam que a prefeitura de Colatina não deu previsão para a normalização do abastecimento. Para consumo humano, a Samarco tem enviado às cidades afetadas, dez caminhões de água mineral por dia.