Novas maneiras de produzir jeans

Especialista no desenvolvimento de acabamentos em lavanderia, Enrique Silla afirma que a indústria atravessa momento de mudança, no qual estilo e tecnologia terão que somar forças

A despeito da crise que castiga a economia da Europa e dos Estados Unidos, a indústria de jeans vai crescer 3% em relação à produção de 2010. E manterá a curva ascendente nos próximos quatro anos, com crescimento médio de 2%, até 2015. É o caminho inverso da curva de preços.

“Atualmente, o preço médio de uma peça jeans é de US$ 28,40 e, em 2015, será 5% a menos. Assim, será necessário estudar métodos de fabricação cada vez mais eficientes”, afirmou em palestra Enrique Silla, presidente da Jeanologia, empresa especializada no desenvolvimento de acabamentos para o jeans, que pertence ao grupo espanhol Eurotrend, também dono da GFK, fabricante de equipamentos para lavanderias industriais de jeans.

O executivo está essa semana no Brasil participando da exposição Truth & Light, montada no país em parceria com a Vicunha, uma das maiores fabricantes de denim e sarja do mundo (leia mais). “Estilistas e engenheiros deverão ficar juntos para conseguir um trabalho melhor a um custo menor. E isso não tem a ver com a crise econômica; é uma mudança que não tem volta. Também é um tempo de muitas oportunidades, que nem todos verão. Aqueles que entenderem o que está acontecendo, terão sucesso”, afirmou Silla, em entrevista exclusiva ao portal GBLjeans.



Na avaliação dele, redução de custos industriais é apenas uma variável do processo, que deverá perseguir formas de produção menos danosas ao meio ambiente, que consumam menos água e energia elétrica. Ao mesmo tempo, envolve um novo olhar da moda em relação ao jeans. “O estilista não precisa ir à Itália, Paris, Los Angeles ou Nova York para comprar modelos e reproduzir o padrão. Basta olhar ao redor, examinar peças antigas e entender como o desgaste acontece. O vintage é a base para produtos autênticos”, argumenta Silla.

Nesse sentido, diz, a reprodução na moda da ação do tempo, sem nada artificial ou com excessos, encontra na tecnologia do laser uma boa aliada. Para defender essa ideia, ele cita a mais recente coleção de Marithé-François Girbaud, apresentada em setembro em Nova York, e da qual a Jeanologia trouxe algumas peças para a edição brasileira da Truth & Light – feitas usando, claro, equipamentos da GFK.



Girbaud é o estilista considerado pai do stonewashed e que, confrontado com a realidade poluente do modo de produção atual de jeans que ajudou a moldar, fez o mea culpa público, anunciando a disposição de contribuir para amenizar os impactos ambientais da atividade ao adotar meios limpos de fabricação, sem abrir mão da moda bem feita.

fotos: GBLjeans