Caem receita e lucro da Hering

Primeiro trimestre do ano reflete queda das vendas sobre igual período de 2015, exigindo mudanças, como fechar lojas exclusivas da Hering for You.

Como já acontecera em 2015, o primeiro trimestre deste ano registra queda de faturamento e lucro da Cia Hering. A receita líquida da companhia alcançou R$ 314,35 milhões, que correspondeu a recuo de 9,4% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado. A desaceleração do lucro líquido foi ainda maior; caiu 29,5% para chegar a R$ 29,27 milhões. Diante da expectativa de um segundo trimestre ainda difícil, entre as ações mais recentes da empresa está a decisão de fechar as lojas exclusivas Hering for You.

A marca continuará no mercado como uma linha de produtos da Hering Store, sendo comercializada em alguma lojas dessa rede e na webstore, além de ser escoada para o canal de multimarcas. “Neste momento não vamos colocar esforço para desenvolver canal exclusivo. O que não quer dizer que a gente não possa revisitar essa decisão no futuro”, afirmou Frederido Oldani, diretor de finanças e RI da Cia Hering, em conferência com analistas de mercado para apresentar os resultados do primeiro trimestre do ano, na semana passada.

Criada em 2014 com uma linha de produtos exclusivamente femininos, a Hering for You tinha até o final de março três lojas. O destino delas ainda está sendo avaliado. Algum ponto pode ser preservado para virar Hering Kids e um ou outro ser fechado, disse Oldani na teleconferência.

RESULTADOS
A queda de desempenho da empresa no primeiro trimestre foi afetada por algumas variáveis. Além de enfrentar retração de demanda, como vem ocorrendo com o varejo em geral, e as temperaturas que permaneceram altas no sul e no sudeste prejudicando as vendas de outono, a Hering deixou para o início do ano a entrada em operação do novo sistema de gestão integrada.

“Fizemos o go-live de modo exemplar. Mas, teve reflexos, embora esperados, como um período de 20 dias sem faturar, que resultou em certo desabastecimento de lojas do canal de franquias e multimarcas”, explicou Fábio Hering, presidente da companhia, na conferência com analistas de mercado. As vendas para multimarcas foram as que mais caíram (-12,9%).

Em geral, essas lojas são mais suscetíveis à piora econômica, assim como caiu o número de clientes, diz a Hering. Porém, houve um complicador a mais que foi o aumento de concorrência por esse canal. “Com algumas marcas enfrentando dificuldades financeiras, elas enxergam nesse canal a oportunidade para desovar estoques e coleções passadas, aumentando a oferta de promoções para os lojistas”, explica o presidente da companhia. Ele avalia que o auge do movimento foi no primeiro trimestre e que daqui para frente tende a diminuir, chegando à normalidade no segundo semestre.

A queda nas vendas para o canal de franquias foi de 11,9% e, nesse caso, além do cenário econômico em retração, o desempenho foi afetado pelas mudanças implementadas no modelo de abastecimento, que estimulou o ajuste dos estoques remanescentes depois do Natal, de modo a preparar as lojas para receberem as coleções de outono/inverno.

Ao contrário do canal de atacado, a rede de lojas próprias apresentou aumento de vendas de 3,3%.

PERSPECTIVA
Embora abril tenha sido um mês de dias muito quentes, o frio que chegou na última semana às vésperas do Dia das Mães traz junto boas expectativas para o segundo trimestre, assim como o Dia dos Namorados, em junho, entendem os executivos da Hering. Eles também estão animados com os resultados que podem ser gerados a partir da reforma de lojas planejada para remodelar a organização de produtos dentro do ponto de venda, como a linha de jeans e dos básicos. Até o momento está definido que 80 lojas passarão por essas mudanças.

Cinco delas estão concluídas. O grosso das demais ficará para o segundo semestre. Como forma de estimular a adesão à reforma por parte das franquias, a Hering vai subsidiar parte dos custos. “Poderá totalizar despesa de aproximadamente R$ 10 milhões em 2016 caso todas as cem lojas previstas sejam executadas”, afirma relatório ao mercado.

O nível de investimento caiu bastante, para R$ 5,3 milhões, no trimestre, basicamente porque na conta não tem mais os custos de implantação do novo sistema de gestão, nem da montagem do novo centro de distribuição ou da fábrica em São Luís dos Montes Belos (GO). Ao longo do ano, a previsão é investir R$ 63 milhões, ante os quase R$ 100 milhões aplicados no ano passado. A abertura de lojas está congelada, com prioridade para a reforma.

No primeiro trimestre, foram fechadas oito lojas – cinco Hering Store e três PUC – deixando a rede com 832 pontos. A maior parte tem a bandeira Hering Store com 648 unidades; seguida por Hering Kids, com 93 pontos; PUC, com 69; Dzarm, com dois; e Hering for You, com três. A expectativa é a PUC encerrar o ano com menos lojas do que começou.