Plataforma de moda e lifestyle será lançada em outubro para testar com um pequeno grupo de sellers, e escalar a partir de 2021.

Diante de um trimestre considerado o mais difícil do ano, a Riachuelo anuncia que manteve o nível dos investimentos previstos para os projetos da área digital. Assim, a Riachuelo cria marketplace próprio conforme anunciara em maio. Segundo disse Oswaldo Nunes, CEO da companhia, em teleconferência com analistas de mercado, a plataforma de moda e lifestyle entrará em operação
em outubro. Começa com um pequeno grupo de sellers para testar. “E, a partir de 2021 acelera para mais marcas e sellers, com novas categorias e parcerias”, complementou o executivo, sem informar quanto o projeto consumirá de recursos.Dentro do que chama de pista de transformação digital, destaca a aceleração para implantar o modelo multicanal. Cita como exemplo, o serviço ship from store que até junho só estava disponível para vendas via WhatsApp. A partir de julho, a companhia concluiu a integração sistêmica de 100% dos estoques. De modo que a previsão é ter até o final de outubro o estoque virtual disponível para 100% das lojas físicas, que atuarão como hub logístico.
O desempenho das vendas online também entusiasmou a empresa. No segundo trimestre de 2020, e com parte das lojas físicas retomando atividade, o ecommerce sustentou 46% das vendas totais da Riachuelo. Conforme Nunes, o volume corresponde a cinco vezes o resultado do segundo trimestre de 2019. “Quintuplicar os pedidos online foi desafiador e uma oportunidade que a crise incentivou”, avaliou o CEO. Só o tráfego no site da marca aumentou 65% no mesmo comparativo, e chegou a 27 milhões de visitas no período, informou a empresa citando dados do Similarweb.
Ainda que o projeto constasse da agenda digital da companhia, o desempenho online incentivou, e a Riachuelo cria marketplace próprio.
SEMESTRE FECHA COM PREJUÍZO ACIMA DE R$300 MILHÕES
O aumento da presença digital e das vendas online não foi suficiente, porém, para compensar lojas fechadas ou operando com horário e capacidade reduzidos. A receita líquida do segundo trimestre alcançou R$885,88 milhões, queda de 52,4% sobre igual trimestre do ano passado. No semestre, a receita líquida somou R$2,51 bilhões, recuo de 27,9% em relação aos primeiros seis meses de 2019.
De janeiro a junho, a Riachuelo operou no vermelho. As perdas agravaram-se de março a junho, anotando prejuízo líquido de R$296,24 milhões. Dessa forma, junto com o resultado negativo do primeiro trimestre, o prejuízo no semestre subiu para R$343,76 milhões, mostra o balanço financeiro divulgado esta semana pela companhia.
O investimento aplicado no segundo trimestre foi de R$74,5 milhões. Dessa maneira, atingiu no semestre R$160 milhões. Não houve abertura de lojas. A rede manteve as 323 unidades que operava em março.
PREVISÃO PARA O SEGUNDO SEMESTRE
Com estoque acumulado por conta da pandemia de covid-19, a Riachuelo avalia que terá até o final de setembro para trabalhar a coleção de inverno, vendendo a parte leve da estação. Assim, os itens mais pesados serão carregados para o inverno de 2021. Neste terceiro trimestre, o varejo trabalha com ambiente de muitas promoções, para zerar estoques. E não é diferente com a Riachuelo, disse o CEO aos analistas.
Em outubro, as lojas da varejista começam a ser preparadas para a nova coleção, em condições que ele acredita sejam mais favoráveis. Avalia que ainda haverá alguma atividade promocional no quarto trimestre por concorrentes que estão em situação difícil. Prevê consumidores ainda tendendo aos básicos, mas valorizando atributos como qualidade e conforto.