Imigrantes criam coletivo de costura

Imigrantes bolivianas criam coletivo de costura

Bolivianas radicadas em São Paulo formam grupo Sartasiñani e lançam primeira coleção.

Imigrantes bolivianas da etnia aymara que vivem no Brasil formaram um grupo de costura que batizaram de Sartasiñani, que significa ‘levante-se!’ na língua nativa delas. Além dos serviços de facção de costura, o grupo deu um passo à frente e lança esta semana sua primeira coleção de roupas, cujo desenvolvimento tem inspiração nas raízes andinas, especialmente para a criação das estampas.

O Coletivo Sartasiñani é um projeto-piloto, resultado da metodologia Tramando Junt@s, de trabalho colaborativo, que envolve a união de MEIs costureiras, a licença de microempreendedor individual. Discutida desde 2019, a forma jurídica avalia se cria uma SPE (Sociedade de Propósito Específico) de MEIs, uma cooperativa ou uma ME, explicou o coletivo ao GBLjeans.

Atualmente, o coletivo conta com dez pessoas fixas, moradoras do bairro paulistano da Casa Verde. A equipe cresce em função dos pedidos recebidos. Sem sede, os profissionais do coletivo trabalham em suas casas e se reúnem semanalmente, acrescentou o coletivo.

A intenção é manter as coleções. Além dessa primeira, o coletivo já tem mais três estampas criadas. Outros lançamentos podem ser anunciados ao longo do primeiro semestre de 2023. Em paralelo, o Coletivo Sartasiñani de imigrantes bolivianas presta serviços de costura para outras marcas, além de fazer uniformes escolares para a prefeitura municipal de São Paulo. Tem interesse em atender “o mercado de uniformes leves para as empresas de facilities”.

SOBRE A COLEÇÃO

Imigrantes bolivianas criam coletivo de costura

“Nossas roupas têm história”, resume Nancy Guarachi, uma das integrantes mais antigas do Sartasiñani, para apontar o diferencial da coleção, cujo desenvolvimento contou com o apoio da Ewa Poranga, escola de moda intercultural. Entre os modelos, uma calça confeccionada em sarja colorida. “As modelagens foram feitas para que tanto mulheres quanto homens pudessem vestir qualquer peça e as estampas carregam o colorido característico dos povos andinos”, descreve o comunicado do coletivo sobre o lançamento.

O projeto tem apoio de diversas instituições que fazem parte do Colabora Moda Sustentável. O Instituto Ecoar para a Cidadania viabilizou repasses financeiros, cuidou da administração e introduziu no projeto a dimensão da economia circular. Do Instituto C&A vieram recursos para capacitação das costureiras. A seção brasileira da Alampyme (Associação Latino-americana de Micro, Pequena e Média Empresa) integra a coordenação do projeto. Conta ainda com a participação do Instituto-E, organização criada por Oskar Metsavaht, da Osklen.

fotos: Ludmila Lower