Abit prevê reverter queda de vendas em 2017

Em 2016 houve retração de 6,7% na quantidade de peças de vestuário produzidas e de 5,3% na fabricação de tecidos e fios.

Após dois anos de queda, a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) prevê crescimento de 1% no volume de produção de têxteis e vestuário em 2017. Ao apresentar o balanço do setor na quinta-feira, 26 de janeiro, a entidade apontou queda de 6,7% na quantidade de peças de vestuário produzidas em 2016, alcançando 5,41 bilhões de itens. Já a fabricação de fios e tecidos caiu 5,3% no ano passado, chegando a 1,7 milhão de toneladas.

De acordo com o recém-empossado presidente da Abit, Fernando Pimentel, com a melhora do cenário econômico e a volta da confiança do consumidor, a previsão é que o faturamento aumente 4,6% em 2017, sobre os R$ 129 bilhões registrados em 2016 (queda em relação aos R$ 131 bilhões de 2015). A expectativa é baseada na tendência de queda das taxas de juros e a inflação mais próxima do centro da meta, embora haja instabilidades políticas e institucionais, elevada taxa de desemprego, além de incertezas no âmbito global, segundo o presidente da Abit.

TENDÊNCIA DAS IMPORTAÇÕES
Entre os fatores positivos no ano passado, o executivo destaca a substituição das importações, principalmente pelo grande varejo, que permitiu reativar parte da indústria nacional. Segundo o superintendente de políticas industriais da entidade, Renato Jardim, as redes de grande porte do varejo passaram a se abastecer mais de produtos nacionais, derrubando as importações, diante da alta volatilidade cambial do último ano e de incertezas.

A indústria importou menos 28,7% de têxteis e confeccionados em valores e menos 2,3% em quantidade, quando comparado a 2015. A Abit avalia, porém, que o patamar historicamente baixo das importações atingido no último ano, sobretudo em roupas prontas, deve voltar a subir diante da atual faixa de câmbio e a necessidade de reposição de estoques para o inverno. A previsão da entidade para este ano é de crescimento da importação de 7% em valor e de 5% em quantidade.

Para 2017, a entidade projeta que o déficit da balança comercial do setor deva chegar a US$ 3,7 bilhões ante R$ 3,2 bilhões de 2016. A expectativa é que as importações cresçam até 10%, para 1,21 milhão de toneladas de roupas prontas, ao mesmo tempo em que as exportações tendem a crescer em ritmo menor, de 5%, para 209 mil toneladas.

EXPORTAÇÃO
Em 2016, o volume de exportação também recuou, caindo 3,7% em quantidade para chegar a 199 mil toneladas de produtos têxteis e de vestuário, quase igualando 2015 quando houve queda de 3,9%. Os principais destinos das exportações brasileiras de produtos têxteis foram Argentina (US$ 230 milhões), Estados Unidos (US$ 93 milhões), Paraguai (US$ 61 milhões), Uruguai (US$ 57 milhões), México (US$ 47 milhões), Peru (US$ 42 milhões), Colômbia (US$ 39 milhões e Chile (US$ 32 milhões). Em vestuário – com destaque para moda íntima e denim – o principal destino é o Paraguai (US$ 29 milhões), seguido de Estados Unidos (US$ 20 milhões), Uruguai (US$ 15 milhões), Bolívia (US$ 8 milhões), Chile (US$ 6 milhões), Argentina (US$ 4 milhões), Portugal (US$ 4 milhões) e Austrália (US$ 3 milhões).

MAIS INVESTIMENTOS
A Abit projeta ainda uma melhora nos investimentos do setor depois da forte queda em 2016, quando a indústria aplicou cerca de R$ 1,67 bilhão em máquinas e equipamentos, retração de 25,5% na comparação com o ano anterior. Este ano, a entidade do setor espera investimentos de R$ 1,75 bilhão, crescimento de 4,8% ante 2016, mas ainda abaixo do patamar de mais de R$ 2 bilhões de anos anteriores.

CARTÃO BNDES
Entre as medidas concretas para a melhora do ambiente de negócios, segundo Pimentel, está a oferta do cartão BNDES voltado às confecções. Os compradores terão financiamento de até 48 meses e as confecções recebem à vista em cerca de 30 dias. A linha está voltada para empresas que faturam até R$ 300 milhões por ano. Neste primeiro momento serão 8 mil confecções contempladas dos setores de malha, malharia e moda íntima. Gradativamente outras áreas serão atendidas, conforme a capacidade do BNDES, informa a Abit.

CENÁRIO
Para Pimentel, com o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as eventuais barreiras para entrada de produtos chineses naquele país podem beneficiar o Brasil. Por outro lado, a retirada dos norte-americanos de fóruns mundiais e de acordos de livre comércio tende a fazer com que a China busque ocupar o espaço deixado pelos americanos, aumentando a presença dos chineses na América Latina.