A despeito do barulho em torno de moda sustentável, fibras de base fóssil ampliam participação.
O baixo custo mantém a popularidade das fibras sintéticas de base fóssil apesar de todo o barulho em torno do papel responsável que a moda deveria assumir para mudar o modo como é feita e consumida. Dos 113 milhões de toneladas de fibras têxteis produzidos em 2021, 72,2 milhões de toneladas correspondem a fibras sintéticas, sendo 60,5 milhões de toneladas de poliéster. Os dados do mais recente relatório da Textile Exchange mostram também que diminui a participação de fibras naturais em relação à produção mundial de fibras para uso têxtil. Cai de 30% para 28%, basicamente pelo recuo na oferta de algodão.
A participação de fibras recicladas aumentou ligeiramente de 8,4% em 2020 para 8,9% em 2021 – principalmente devido a um aumento na fibra de poliéster à base de garrafa plástica. Os dados constam da nova edição do Preferred Fiber & Materials Market Report, atualizado anualmente pela Textile Exchange. “Ainda assim, menos de 1% do mercado global era de têxteis reciclados pré e pós-consumo em 2021”, ressalta o relatório.
A projeção da organização é em 2030 a produção de fibras têxteis venha a alcançar 149 milhões toneladas, com o poliéster ainda mantendo protagonismo.
POLIÉSTER
A comparação com 2020 revela que a produção mundial de fibras cresceu 3,6% em 2021. Saiu de 109 milhões no ano mais grave da pandemia de covid-19 para 113 milhões de toneladas em 2021. Crescimento também registrado em relação aos 111 milhões de toneladas de fibras têxteis de 2019.
De 68,2 milhões de toneladas em 2020 (62% do total), as fibras sintéticas passaram para 72,2 milhões de toneladas em 2021, ou 64% do total. O incremento foi influenciado pelo maior uso de poliéster pela indústria têxtil.
Em 2020, a produção global de poliéster atingiu 57,1 milhões de toneladas (52% do total) e saltou para 60,5 milhões de toneladas em 2021, ou 54% do total.
O volume global de produção de fibra de poliéster reciclado (rPET) aumentou de 8,4 milhões de toneladas em 2020 para cerca de 9 milhões de toneladas em 2021. Isso corresponde a 14,8% da produção global de poliéster.
Quase que na totalidade, o poliéster reciclado deriva de garrafas plásticas PET reaproveitadas. Pequena parte decorre de outros plásticos pós-consumo, como resíduos oceânicos, tecidos de poliéster descartados ou de resíduos de processamento pré-consumo, como restos de tecidos, explica o relatório da Textile Exchange.
ALGODÃO
As fibras de base vegetal representam 28% da produção global em 2021, ou 31,3 milhões de toneladas.
Em 2020, eram 32,7 milhões de toneladas e 29,9% do total.
A produção mundial de fibras naturais diminui em 2021 devido ao recuo do algodão. Passou de 26,2 milhões de toneladas em 2020 (24,2% do total) para 24,6 milhões em 2021, que correspondem a 22% do total.
Outros 6% ou 6,7 milhões de toneladas correspondem às demais fibras de base vegetal, como juta, hemp, sisal e rami.
No caso do algodão, conforme o relatório, 75% representam o segmento chamado de convencional, atrelado a programas com dados não disponíveis apesar de serem reconhecidos como ‘preferred’.
Mais 24% correspondem a algodão certificado dentro de programas como o ABR (Algodão Brasileiro Responsável).
É nessa cota de participação que diminui a produção de fibras de base vegetal. O algodão certificado reduziu de 7,2 milhões de toneladas na safra 2019/20 para 6 milhões na safra 2020/21.
“Há uma série de fatores que causam essa redução, incluindo variações climáticas, mudanças no programa Better Cotton, condições de mercado e desafios sociopolíticos”, aponta a Textile Exchange.
Apenas 1% do total equivale a algodão reciclado, assim considerada a fibra modificada por processo mecânico. Quando submetida a processos químicos, a Textile Exchange considera que resulta em celulose. “E, portanto, deixa de ser algodão”, acrescenta o relatório.
PRODUÇÃO DIVIDIDA POR FIBRA
Nos gráficos abaixo, veja a produção global em 2021 dividida por tipo de fibra. Clique sobre as categorias para ter valores individualizados.
WEB STORIES
De modo a contribuir para uma fotografia mais detalhada do mercado de fibras, o GBLjeans preparou uma nova edição de web stories: Viagem pelas fibras: tipos, classificação e nomenclatura.